Irmandade Metálica
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Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica

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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:22

António Sérgio

A voz eterna

Por: Dico

Locutor e realizador de rádio, DJ, editor discográfico, produtor, especialista e divulgador musical, António Sérgio marcou para sempre a rádio portuguesa. A sua enorme honestidade, ampla cultura, carisma inigualável, profissionalismo irrepreensível e genuína paixão pela música influenciaram milhares. Eis a merecida homenagem da Irmandade Metálica ao Mestre.


Quando fui convidado para redigir este artigo sabia que seria tudo menos fácil, não só pela enorme responsabilidade que constitui escrever sobre tão mítica figura da rádio e da música em Portugal como foi o António Sérgio mas também pela emotividade que semelhante tarefa representa para mim. Nunca se poderá avaliar com exactidão e justiça a verdadeira influência do radialista na formação musical de sucessivas gerações de melómanos ao longo das quatro décadas que dominou o microfone, mas uma coisa é certa: o seu impacto foi monumental!

Por muitos conhecido essencialmente por ter realizado o famoso programa “Som da Frente” (dedicado à New Wave e à Pop) entre 1982 e 1993, António Sérgio constitui no entanto uma referência incontornável para os fãs nacionais de Metal, que durante quase dez anos, entre 1983 e 1993, ouviram religiosamente na Rádio Comercial, aos sábados à tarde entre as 16h e as 18h, as novidades do Som Eterno.

As Sete Vidas do Heavy Metal

Dedicado ao Hard Rock e a todas as variantes do Heavy Metal, o “Lança-chamas” estreou-se a 23 de Outubro de 1983, apenas com uma hora de emissão. Contudo, o impressionante carisma de Sérgio, o seu magnífico “vozeirão”, a escassez de programas do género, a inusitada coragem de fazer um programa deste cariz a nível nacional e a falta de informação (na época não existia Internet nem revistas da especialidade) asseguraram êxito imediato ao projecto que, a pedido dos fãs, rapidamente se estendeu a duas horas de emissão.

Fui um dos muitos milhares de bafejados pela sorte de “frequentar” a “universidade de Heavy Metal” que era o “Lança-Chamas”, tendo absorvido semanalmente cada minuto da “aula” do “professor António Sérgio” com avidez e paixão. Sim, o “Lança-Chamas” era uma verdadeira escola no sentido mais amplo do termo, tal a quantidade e qualidade musical e informativa que nele se descobria.

Aliás, o trabalho de António Sérgio influenciaria não só a formação de um apreciável número de bandas, fanzines, clubes de fãs e outros projectos relacionados, mas também a criação de inúmeros programas de autor em pleno boom das rádios pirata e locais (escola de várias referências actuais do éter nacional), impulsionando directamente e de forma significativa o desenvolvimento do Underground metálico português dos anos 80. [Em 1986, profundamente influenciado pelo António Sérgio e o seu “Lança-chamas”, este vosso escriba chegou a prestar provas, sem êxito, numa rádio pirata sedeada na cave do Centro Comercial do Lumiar, em Lisboa, com um projecto de programa de autor intitulado “O Som do Metal”.]

Ouvir o “Lança-Chamas” aos sábados à tarde entre as 16h e as 18h era um ritual, um acto religioso. A partir das 15h55 preparavam-se as cassetes, preferencialmente de crómio, para assegurar a melhor qualidade sonora possível (havia que reservar uma suplente para que não se perdesse um só momento do programa).

Às 15h59 já a cassete aguardava no deck da aparelhagem o início do “Lança-Chamas”. Os botões “play”, “rec” e “pause” ficavam pressionados, aguardando os primeiros acordes do fabuloso «Eruption», que em 1978 lançara os Van Halen e especialmente o guitarrista Eddie para a estratosfera da fama. Não havia melhor tema para genérico do programa. Ouvir aquele 1’42” de música arrepiava-nos da cabeça ao pés (ainda hoje o faz), mergulhando-nos bem fundo no maravilhoso universo do Heavy Metal. Findo o genérico soltava-se o botão “pause” e entrávamos noutra dimensão, sob o mote “As Sete Vidas do Heavy Metal”.

Gravávamos todo o programa e ouvíamo-lo vezes sem conta. Obviamente reproduzíamo-lo para os amigos, que repetiam o ritual ad aeternum, impulsionando o fenómeno do tape-tradding em Portugal a uma velocidade vertiginosa. A voz do Sérgio também era gravada. Fazê-lo não era perder espaço na cassete, era ganhar em paixão. Cada sílaba, cada frase era voluptuosamente assimilada. Ouvir com atenção aquela voz quase hipnótica, potentíssima, “quente”, “cheia” e envolvente transmitia-nos uma sensação de poder, de excitação, fazendo-nos sonhar em possuir semelhante dom.

Era no “Lança-Chamas” que ouvíamos em primeira mão os mais recentes álbuns das maiores bandas internacionais, que descobríamos novos e excitantes subgéneros, que ouvíamos os grupos emergentes, que ficávamos a par das principais novidades do Som Eterno ou que tínhamos conhecimento da visita a Portugal da nossa banda favorita, numa altura em que havia um espectáculo de grupos estrangeiros a cada dois anos, anualmente ou, com muita sorte, de seis em seis meses.

Nessa época dourada que foram os anos 80 o António Sérgio deu-nos a conhecer centenas ou milhares de bandas cujos discos eram ansiosamente procurados nas discotecas nacionais de referência, com destaque em Lisboa para a Motor (mais tarde Bimotor), situada nos Restauradores e considerada a catedral discográfica do Som Eterno na altura. Aí se adquiriam bilhetes para concertos, LP’s, EP’s e singles, cassetes, demo-tapes, fanzines e newsletters, estando os projectos nacionais sempre devidamente representados, numa era em que os discos do género Made in Portugal se resumiam aos dedos de uma mão.

Aliás, o “Lança-Chamas” não esquecia o Underground. Com o ingresso de Paulo “Scorp” Fernandes (vocalista dos Cruise, que chegaram a gravar um single e a abrir o concerto de Gary Moore a 13 de Maio de 1987 no Dramático de Cascais) e Gustavo Vidal (presidente do clube de fãs Heavy Metal Zombies Paranoid e responsável da fanzine “Renascimento do Metal”) na equipa do programa (António Freitas também havia de por lá passar, como assistente do Mestre no final dos anos 80), os headbangers passaram a conhecer as mais recentes bandas e fanzines portuguesas, os clubes de fãs, os concertos ou as matinés de domingo no mítico Rock Rendez Vous (em que havia concertos nalgumas semanas e passagem de música com transmissão de clips da MTV noutras).

Foi através do “Lança-Chamas” que inúmeros fãs conheceram os Alkateya, Tarântula, Ramp, Vasco da Gama, Cruise, Xeque-mate, Tao, Satan’s Saints, Thormentor, The Coven, Ramp, Braindead, Massacre, V12, Sepulcro, Jarojoupe, Black Cross, Enforce e tantos outros grupos nacionais que de uma forma ou de outra estiveram na génese do Metal português. Foi igualmente no programa que os meus dois primeiros grupos – os Paranóia e os Dinosaur – se estrearam no éter, daí o “Lança-Chamas” ser triplamente importante para mim, bem como para centenas de outros músicos nacionais.

Contudo, apesar do enorme êxito alcançado, nos últimos anos de emissão a direcção da Rádio Comercial tenta por diversas vezes encerrar o programa. Indignados, os milhares de fãs respondiam massivamente com cartas de protesto, mantendo o “Lança-chamas” no ar. Até que, no início dos anos 90, a privatização da emissora acaba mesmo por ditar o fim do programa, que passa a ser realizado na Rádio Energia por um breve período até encerrar definitivamente, deixando uma lacuna impossível de preencher no meio radiofónico metálico em Portugal.

Infelizmente, nunca poderemos agradecer o suficiente ao António Sérgio por ter enriquecido as nossas vidas de uma forma tão intensa, apaixonada, marcante e definitiva. Mas continuaremos, para todo o sempre, a ouvir ecoar a sua voz nas nossas mentes e corações. Esta é a minha sentida maneira de o fazer. Muito obrigado e até sempre, Amigo!

Biografia de um ícone

Homem de rara cultura geral e musical, António Sérgio Correia Ferrão nasce em Benguela (Angola) a 14 de Janeiro de 1950. Os pais, António Joaquim dos Santos Ferrão (que usava o pseudónimo radiofónico de António Sérgio, em homenagem ao pensador com o mesmo nome) e Odete Correia Ferrão, locutores no Rádio Clube do Bié, incutem-lhe desde cedo a cultura radiofónica. Em 1968, já em Lisboa, António Sérgio (filho) estreia-se na Rádio Renascença como locutor de continuidade. Com a mãe apresenta os programas “Encontro para Dois” e, mais tarde, “Quando o Telefone Toca”.

Rebelde e inconformista, vê nos programas de autor a sua mais eficaz forma de expressão. Em 1976 cria o programa “Rotação”, que apresenta até 1979, sendo o primeiro a divulgar em Portugal artistas como Iggy Pop, The Stranglers, Patti Smith, Sex Pistols ou Joy Division. Sempre na vanguarda do que de melhor e mais recente se fazia no Rock, na New Wave, na Pop, no Punk ou no Heavy Metal a nível mundial, a partir de 1980 António Sérgio realiza e apresenta na RDP - Rádio Comercial os programas “Rolls Rock” (1980/1982), “Som da Frente” (1982/1993), “Louras, Ruivas e Morenas” (1984) e “Lança-Chamas” (1983/1993), que a emissora tenta encerrar por diversas vezes.
Entre 1993 e 1997 dá voz ao programa de Blues “Grande Delta” na XFM. O fim da estação dita o regresso à Rádio Comercial, onde apresenta “As Horas”, colaborando também na Best Rock FM com o programa “A Hora do Lobo”. Contudo, a Rádio Comercial, sua casa de sempre, traz-lhe novamente desgostos, quando a 14 de Setembro de 2007, sob o efusivo protesto dos ouvintes, a nova gestão da emissora dispensa os seus serviços, por alegadamente o seu programa de autor “não se enquadrar” na "nova grelha" playlistada e a sua voz "não servir" para o público-alvo. Ingressa então na Rádio Radar pela Mão de Luís Montez, seu antigo director na XFM, para apresentar “Viriato 25” e a rubrica “SOS Radar”até à sua morte, a 1 de Novembro de 2009, de ataque cardíaco.

Durante o seu trajecto profissional ímpar António Sérgio recebe ainda, em 1999, um Globo de Ouro na categoria de rádio. Em 2008, na comemoração de quatro décadas dedicadas à música, é considerado pela “Blitz” uma das 50 personalidades mais importantes da Música Portuguesa.

Ao longo da sua longa carreira (marcada pela colaboração regular com a sua mulher, Ana Cristina Ferrão, também ela realizadora de rádio e especialista em Rock) António Sérgio trabalha ainda nas editoras Nébula, Nova (onde co-produz o álbum Música Moderna, dos Corpo Diplomático), Rossil (em que funda e dirige a subsidiária Rotação, lançando os Xutos & Pontapés com o single Sémen) e Música Alternativa. Chega escrever nos jornais “Blitz” (onde dirige o suplemento mensal “Manifesto”) e “Independente”. Em Março de 2006 passa a fazer voz-off na SIC. É justamente considerado a nível nacional e internacional um dos mais influentes divulgadores de música Rock, Pop e Alternativa. Apesar de extremamente lisonjeiro, o epíteto de “John Peel português”, que muitos lhe atribuem, revela-se bastante redutor e limitador da sua originalidade e trabalho realizado.
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:24

Cameraman Metálico

Por: Rui Vieira

Cameraman Metálico. Um nome incontornável na história do metal luso. Ambos misturam-se e não deve haver ninguém que não tenha ouvido falar dele. Enviámos umas perguntas ao mister CM que abriu o diafragma e nos respondeu prontamente.


IM: Quem é o António Melão e quem é o Cameraman Metálico? Há alguma diferença?

CM:  O AM nasceu em Serpa em 1955. O CM só nasceu em 1986 quando precisei de assinar umas fotos e não podia por problemas da treta.
Agora já não! No início tive um granel com a justiça e foi do que me lembrei. Nessa altura ninguém usava nick ou muito poucos.

IM: Antes de mais, uma pequena e rápida curiosidade: De onde vem o nome Cameraman Metálico? Foste tu que decidiste assinar dessa forma ou alguém que te apelidou dessa forma?

CM: Fui eu que arranjei o nome e mais tarde já com a Hard’n’Heavy Zine desenhei o logo.

IM: O engraçado é que em qualquer artigo ou reportagem fora do metal, apareces como Cameraman Metálico, o que não deixa de ser curioso, ver a tua assinatura nessas publicações.

CM: Para evitar quezílias deixei de assinar Cameraman Metálico quando faço fotos de rock por exemplo. Como agora tenho carteira profissional, tenho também de assinar António Melão (de novo por motivos legais, incrível!).

IM: Quando começaste a tua carreira como fotógrafo profissional? Salvo erro, antes laboravas numa fábrica de explosivos, certo?

CM: Sim entre 1981 e 2000 fiz muita gelamonite… teve de ser! Entre 1990 e 2000 tive dois trabalhos, operário na SPEL e jornalista/fotógrafo no Diário Popular, A Capital, Blitz, Promúsica, Rock Power, Rock Sound, Super Jovem, Raio X, etc… A partir de 2003 dediquei-me a 100% à fotografia.

IM: Por onde passaste até hoje e a que estás mais ligado actualmente?

CM: Por todos aqueles que mencionei e ainda Heavy Rock e Kerrang! de Espanha e claro o Diário do Alentejo desde 1986… sempre estive ligado a este jornal de Beja. www.diariodoalentejo.pt
Neste momento trabalho também directamente com as bandas. Essencialmente faço os trabalhos para quem paga, seja banda, web site ou publicação.

IM: Os tempos são outros e a tecnologia é tirana. Como vês o antes e o depois na fotografia?

CM: Se te estás referir ao digital… não me afectou nada. Apesar de gostar muito do analógico, ainda fiz quase 15 anos de filme… gosto muito do digital, e do photoshop. Acho que é uma ferramenta espectacular. Comecei a trabalhar com digital em 2000 (patrocínio da Olympus). Há muitos colegas meus que com mais idade, nunca conseguiram trabalhar com digital, já que era difícil trabalharem com um computador. Ainda me admiro com as máquinas da nova geração… bem… vocês nem imaginam o que se pode fazer com uma digital topo de gama de 5.000 euros!

IM: Estás realizado com o que fazes? Ou, por vezes, é doloroso alguma falta de trabalho e dificuldades daí emergentes?

CM: Tenho dificuldades como toda a gente, há pouco trabalho, os jornais usam muitas vezes estagiários a custo zero e não contratam fotógrafos profissionais… mas tudo bem, eu já sabia que não ia ficar rico com isto. Conseguir viver o dia a dia já é um sonho! Estou muito realizado. Cada vez que encontro um headbanger é como encontrar um irmão.

IM: Nunca pensaste em desistir e voltar a ter uma vida normal das 9 às 5?

CM: Às vezes… quando as contas se acumulam para pagar… mas sempre aparece uma tábua de salvação no último momento. Era mau desistir agora…

IM: Que história curiosa nos podes contar acerca da tua experiência ao longo destes anos todos? Podes contar-nos algo que te tenha acontecido e da qual nunca mais te esquecerás?

CM: Vai ser difícil esquecer as viagens ao Wacken, Monsters of Rock (UK) e Dynamo Open Air. Quando ainda não havia quase nada por cá… O meu primeiro Monsters foi em 1991. Cheguei a ir ao Dynamo de bus (que maluquice!) e acampei no Wacken, aventuras para tomar banho… Fui dos primeiros a fazer festivais. Ficou registado no Diário Popular e A Capital… basta procurar!

IM: Agora, uma pergunta tramada (ou não): Para ti, qual a melhor fotografia/momento que já tiraste até hoje?

CM: Se tivesse de escolher dos milhares de fotogramas que tenho… hum! A primeira vez que tive o Lemmy à minha frente em 1988. Esse marcou-me!

IM: E a fanzine? Como está? Só existe em formato electrónico actualmente?

CM: Sim, neste momento só online. Estamos a pensar fazer tambem em PDF. Somos poucos – aquilo já dá muito trabalho e lucro zero…
Vou conhecendo umas bandas, vá lá!

IM: Sabemos que os Motörhead são a tua banda de eleição. Achas que eles são os verdadeiros pais do heavy-metal ou serão os Sabbath?

CM: Acho que não! O Lemmy nem quer ouvir falar em heavy… atiro mais para os Black Sabbath (banda que tambem curto muito).

IM: E o Lemmy? É um grande maluco?

CM: É o meu ídolo. Tento compreender a sua filosofia de vida (às vezes não entendo), vai-se lixar com o álcool… Também não atino com a parafernália nazi, mas todos temos cenas negativas. Eu sou mais maluco pelo Staline… Já tirei uma foto com ele, já o cumprimentei e já comi um saco de amendoins que ele jogou fora, (histórias para as memórias)… Os Motörhead continuam em alta, vamos ver até quando!

IM: Sobre a cena nacional, o que achas dos últimos anos com toda a modificação que houve entretanto, com introdução de novas tecnologias, Myspace’s, YouTube’s, fóruns, facilidades em gravar álbuns por parte das bandas, facilidade em descarregar álbuns por parte das pessoas, etc?

CM: Acho que melhorou muito. Agora há mais oferta (às vezes demasiada). Curtia muito mais ter o CD na mão do que o download…
A oferta é tanta que às vezes nem tenho tempo de ouvir tudo o que me enviam… quem sofre são as bandas!

IM: Achas que se pode imaginar (ou sonhar) brevemente com um boom de metal português para a Europa e para o mundo?

CM: Sinceramente? Não me parece… se as nossas têm mais qualidade, as estrangeiras também têm. Vai ser difícil aparecerem outros Moonspell.
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:25

Procyon

De Regresso ao Laboratório

Por: Rui Vieira

Procyon não é só uma mera estrela da constelação. É também o nome de uma lendária banda portuguesa de thrash metal. Nos gloriosos anos 80, ergueu-se uma onda de bandas na Margem Sul, entre as quais estrelavam os almadenses Procyon que registaram aquela que é considerada, ainda por muitos hoje em dia, uma das mais marcantes demos do underground português: Last Seeds Of Mind. Propusemos ao vocalista Nuno Torres ligar a máquina do tempo e voltarmos ao laboratório.


IM: Boas Nuno! Antes de mais, obrigado pela tua disponibilidade em recordar os tempos dos Procyon. Como se deu a tua entrada para a banda? Já os conhecias?

NT: Boas e obrigado eu também pela oportunidade. Quando entrei para a banda conhecia apenas o Mané (baterista). Já os tinha visto ao vivo várias vezes e eles conheciam-me minimamente, pois éramos da mesma cidade, íamos aos mesmos concertos, bares… Quando soube que alguns meses após a saída do Stein (R.I.P.) eles ainda não tinham encontrado substituto, resolvi ligar ao Mané e propor-me para uma audição. Eles gostaram e ensaiámos logo de seguida.

IM: Como foram os primeiros ensaios? Já existiam as músicas que viriam a integrar a “Last Seeds...”?

NT: Os primeiros ensaios foram algo interessantes, pois além de o primeiro ter sido logo a seguir a audição em que tentei apanhar alguns temas, no segundo ensaio eles convidaram uma série de amigos, pessoal de fanzines, radios (penso eu) e fotógrafos (o Cameraman Metálico estava lá também) e fizémos o ensaio para toda aquela gente num court de ténis. Confesso que me borrei um pouco, pois com apenas um ensaio fui logo posto à prova, fizémos logo fotos para a Hard’n’Heavy fanzine. Algumas das músicas já existiam como: "Asking More", "All The Same" e "Deadly Sin". "Last Seeds Of Mind" estava a ser composta nessa altura, creio, e a "Unspeakable Words" contou já com a minha participação.

IM: Estavam conscientes de que iriam gravar algo que, tantos anos depois, se mostrou e é vista hoje em dia como uma das sementes do thrash metal lusitano e uma verdadeira peça de colecção?

NT: Não, penso que não nos terá passado minimamente pela cabeça tal situação, muito menos para mim que, vindo de pequenos projectos de garagem, tinha já responsabilidade suficiente sobre os ombros e tudo em que pensava era empenhar-me ao máximo nessa tarefa.

IM: Quantos exemplares venderam, mais ou menos? Lembro-me de ouvir na rádio, numa certa entrevista, que já tinham vendido cerca de 600 maquetas, algo absolutamente fantástico para uma banda portuguesa e standards da altura.

NT: Se bem me recordo a edição foi de 1000 exemplares e acabou por esgotar entretanto. Foi marcante na altura dado o país e o meio underground em que estávamos inseridos.

IM: Como foi a divulgação no estrangeiro? Tiveram um bom feedback?

NT: Não creio que tivesse havido muita divulgação no estrangeiro. Uma ou outra review em fanzines, que não sendo extraordinárias, não deixavam de ser encorajadoras. Era já bastante difícil na altura conseguir promover minimamente nos moldes pretendidos os trabalhos no nosso meio em Portugal e o estrangeiro ficava ainda mais longe pra nós nessa altura. O bom feedback veio de cá.

IM: Ainda guardas um exemplar ou és daquelas pessoas que "fazem" a maqueta mas não a tem?

NT: Sou “daquelas pessoas”… (ahahahahah Razz) O único exemplar que tinha emprestei e… (clássico) nunca mais o vi. Tenho-a gravada em CD. E o CD “Read My Lips”, tenho um segundo exemplar novo que consegui comprar há três ou quatro anos atrás.

IM: A “Last Seeds...” foi um passo gigantesco nas demos em Portugal. Desde a qualidade sonora, ao artwork a cores e à própria legalização, vocês marcaram o início de algo que depois até se revelou curto com o aparecimento do CD, um pouco mais tarde. Como foi a vossa estratégia em relação a isso? Estava na altura de alguém dar esse passo?

NT: A estratégia passou por, em primeiro lugar querermos fazer a devida promoção utilizando meios tão oficiais quanto fosse possível. Tudo isto passava pela edição oficial, legalizada, com as obras registadas na SPA e autenticada pela DGEDA, sendo ao mesmo tempo um primeiro passo no panorama, o que também ajudava de certa forma à estratégia de promoção e divulgação. Com todos estes requisitos, a qualidade artística impunha-se também numa fasquia mais elevada e por isso fomos gravar no Estúdio 35 (que depois passou para o Heaven’s Sound) com o João Martins (conhecido produtor e Eng.º de som das maiores bandas portuguesas da actualidade, como Da Weasel e Xutos & Pontapés, e que nessa altura atingiu também notoriedade como produtor em grande número das mais variadas bandas de rock e metal nacionais – entre elas os Morbid God). Pedimos também ao amigo Luís Alvoeiro, autor da capa da demo “Obsessed By Time” que desta vez fizesse o trabalho a cores, já que o imaginário do título e capa assim o sugeria e as condições de impressão e trabalho gráfico assim o permitiam.

IM: Como foram as apresentações desse trabalho? Havia muita espectativa do público e da banda?

NT: Sim, muita, e eu fui o que mais sofri com isso. (ahahahahah!) Todas as salas por onde passávamos estavam sempre cheias, éramos uma das bandas mais aguardadas nos festivais onde tocámos. Haviam também muitas entrevistas e reviews onde se notava exactamente toda essa expectativa de todos.

IM: Podes contar-nos alguns dos concertos mais marcantes dessa altura?

NT: O primeiro concerto com Procyon marcou-me certamente, não só pela massiva e calorosa recepção do público, mas também por termos partilhado o palco com os nossos amigos Thormenthor e com os Hardness, bandas que nessa altura atingiram também notoriedade. Outro concerto que foi também bastante marcante foi o último dessa tour, tanto positiva como negativamente. Tocámos na Incrível Almadense, uma sala já na altura com peso e tradição no rock, ainda para mais na nossa cidade, que estava cheia a abarrotar (cerca de 2000 pax). Fizémos suporte a Ratos De Porão na sua primeira vinda a Portugal. Esse concerto correu bastante bem, fomos muito bem recebidos e, inclusivé, tivémos inesperadamente direito a encore. Foi também nessa própria noite, a seguir ao concerto que dois dos elementos fundadores, Vasco e Victor abandonaram a banda sem nos comunicarem de imediato. Este facto marcou negativamente a carreira da banda.

IM: O envolvimento com a Contacto do Duarte Dionísio foi, sem dúvida, fundamental para o impacto e dinâmica que a banda teve naquela altura. Concordas?

NT: Concordo, a Contacto começou connosco e com The Coven e toda a estratégia que o Duarte Dionísio tinha foi algo que nos alegrou e encorajou a empenharmo-nos ainda com mais afinco. Ele surgiu com ideias inovadoras e profissionalmente muito interessantes como é seu apanágio enquanto manager, promotor e agente.

IM: Concordas que os primórdios dos 90 foram uma época de ouro para o underground nacional com o surgimento de bastantes bandas, nomeadamente oriundas da Margem Sul (Almada, Seixal, etc...)? Foi uma altura emocionante, não?

NT: Sem dúvida. Era um privilégio de que nos orgulhávamos, pertencer à zona mais profícua do país em termos de bandas de metal. Era comum estarmos juntos e trocarmos ideias com elementos dos Thormenthor, Braindead, The Coven, RAMP entre muitos outros. Havia toda uma cena em torno do metal na Margem Sul.

IM: Depois apareceu o single “Read My Lips” e a ligação à Morgana Records. Como foi a recepção do mesmo? Se por um lado era um passo em frente, por outro, a banda pareceu distanciar-se do som mais thrashado e rápido dos tempos anteriores. Qual a vossa ideia na altura e concepção para a banda no futuro?

NT: A estratégia manteve-se e segundo creio essa edição terá também esgotado. Fizémos também um grande número de concertos com a mesma recepção e expectativa do público que na tour “Last Seeds On The Road” e com muito melhores condições técnicas e de crew. Certamente que a ideia foi de mudança, não só pela entrada de dois novos elementos, como também pela enxurrada de influências com que éramos cada vez mais aliciados nessa altura e nos fazia querer também mudar um pouco o nosso som. Não creio que tivéssemos abrandado muito a rapidez de ritmos, apenas quisemos tornar o som um pouco mais pesado e coeso.

IM: Mas as coisas não correram muito bem com a distribuição desse trabalho, inclusivamente, penso que ainda existem alguns exemplares, correcto?

NT: Tal como disse numa questão anterior e pelo que nos foi dado a saber na altura o trabalho vendeu bem e a dada altura creio que terá saído tudo do armazém. Penso que os eventuais problemas de distribuição foram resolvidos pelo mui valioso e importante movimento underground (sempre o foi no meio do metal) e que em muito contribuiu para a sua divulgação. Soube que existem (ou existiam, pelo menos até há poucos anos atrás) alguns exemplares nas mãos de coleccionadores/distribuidores a quem muito agradeço, pois graças a eles consigo ter hoje um exemplar do “Read My Lips” em perfeitas condições. No entanto, em relação a esta questão o Duarte Dionísio seria a pessoa mais indicada para responder.

IM: Acham que foi o início do fim, a partir do “Read My Lips”? Acham que um álbum naquela altura teria sido a melhor opção para a banda ou isso viria consoante a recepção do single?

NT: Poder-se-ia romantizar a história dessa forma mas, como disse, a promoção desse single correu muito bem com uma não menos boa recepção. Talvez com a imprensa não tão efusivamente expectante, mas sem por isso deixando de estar do nosso lado. ;)Tocámos, por exemplo, três datas no Funchal (Madeira) num bar constantemente cheio. Enchemos o Johnny Guitar e passados 15 dias uma outra sala ali bem perto. Bem como uma série de outros espectáculos e festivais sempre bem sucedidos. Um álbum nessa altura teria não só vindo de encontro às nossas expectativas, como também consolidaria as nossas aspirações a nível da orientação sonora, que era uma preocupação visto estarmos em trabalho na composição de novos temas. O fim da Morgana Records não veio decerto ajudar à realização desse objectivo, tendo sido mais um elemento que acelerou o desmembramento da banda a par com as incompatibilidades relativas à orientação musical. Agora se quisermos ver o “princípio do fim” dos Procyon, ou pelo menos um grande obstáculo imposto à evolução e sucesso da banda, terá sido o ocorrido no final da tour “Last Seeds…” com a saída dos dois elementos que atrás referi. Estávamos nessa altura com algumas negociações e com fortes possibilidades de assinarmos por uma major, o que obviamente não se veio a verificar.

IM: E como seu a separação? Foi amigável? O pessoal continua a beber uns copos? O que é feito do resto da malta?

NT: (Ao contrário do sucedido aquando da saída dos outros dois elementos) A separação foi amigável e continuámos na altura a darmo-nos todos uns com os outros, íamos a concertos juntos e aos concertos uns dos outros, no meu caso estava com Silent Scream e o Mané com os Squad, e hoje em dia ainda comunicamos ocasionalmente. Actualmente eu vivo em Paris, o Mané está no Brasil e os outros três elementos continuam na linha de Sintra.

IM: E será que podemos ter uma noite única de reunião da mítica formação da “Last Seeds Of Mind”?

NT: Acho bastante improvável devido à distância a que alguns de nós nos encontramos, assim como para além de termos deixado de comunicar com o Vasco e o Victor, desconheço se eles continuam a tocar ou mesmo ligados à música. Seria talvez mais fácil reunir a formação do "Read My Lips" (se o Mané viesse à Europa).

IM: Sei que és técnico/roadie. E criar música? Ainda fazes alguma coisa ou não tens tempo?

NT: Sou técnico de backline e tenho trabalhado com uma série de grupos como por exemplo: Monster Magnet, Dark Tranquillity, Epica, Napalm Death, Dimmu Borgir, Tiamat, acompanhei os Moonspell durante alguns anos, etc. Quanto à criação de música, estive bastante activo até ao verão de 2008 em diversos projectos. Desde então devido ao aumento de trabalho e à vida familiar, não sobra muito tempo. No entanto espero conseguir conciliar as coisas de modo a voltar ao activo. Não faltam músicos com quem colaborar devido aos contactos que tenho feito através dos meus trabalhos.

IM: Tu que viveste as dificuldades de ter uma banda nos 80’s, como vês a cena hoje em dia? Pensas que está melhor e em que aspectos? O que mudavas?

NT: Congratulo-me pelo facto de termos, talvez, contribuido para a criação de alguns alicerces que servem (ou serviram) ao firmamento do panorama metálico nacional que está muito melhor. Há uma maior oferta em todos os campos inerentes à produção, quer de gravações e edições como de promoção, divulgação e realização de espectáculos, festivais, etc. Existe um circuito já bastante importante e activo tanto em quantidade como em qualidade e em todos os estilos de metal em Portugal. Apesar de tudo isto que já é suficiente para me fazer sentir orgulhoso, Portugal continua infelizmente atrás dos restantes países central-europeus. Fazem falta mais clubes, agentes, promotores, parceiros e organizadores de espectáculos para assim se solidificar mais o circuito nacional. A internet foi um passo de gigante na divulgação mas a geografia mantém-nos afastados do grande circo europeu e assim se perdem algumas oportunidades de crescimento tanto para bandas como para toda a máquina envolvente. Se pudesse mudar algo, fazia como sugere José Saramago no livro “Jangada de Pedra” e mudaria a localização geográfica de Portugal, neste caso para mais perto da europa central onde tudo se passa com um movimento brutal. Mesmo com o prejuízo climatérico, ficaríamos a ganhar em todos os outros aspectos.

IM: Obrigado pela entrevista e agradecemos que deixes uns comentários para quem a vai ler e para a Irmandade Metálica.

NT: Eu é que agradeço a oportunidade e o facto de a Irmandade Metálica se ter recordado dos Procyon, contribuindo assim para nos dar a conhecer a quem não viveu esta altura, bem como para o fazer recordar aos outros, ajudando assim a perpetuar o nome da banda. Convido-vos a visitarem a página de Procyon no myspace em www.myspace.com/procyonmusic

Grande Abraço a todos! Bem hajam!
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:26

André Santos

Guerreiro do skate

Por: Rui Vieira

André Santos foi quem desenhou “Guerreiros do Metal”, uma ilustração que tem servido vários propósitos da Irmandade Metálica. Para além de estar presente em pins e patches e a ser capa do DVD do III fest da IM, a ilustração foi escolhida para a uma t-shirt oficial da Irmandade Metálica. Colocámos umas perguntas ao André sobre este trabalho, sobre as suas actividades e sobre música, metal, punk, etc.  


IM: Boas André. Obrigado pela ilustração inspirada que conseguiste para a IM. Como é que encaraste este desafio?  

AS: Boas! Ora bem.. desafio, aí está uma boa palavra para classificar um desenho, seja ele qual for. Eu encaro um desenho como um obstáculo no meio do caminho. Podemos destruir o obstáculo, contorná-lo ou então seguir em frente, ultrapassando-o. Quanto a mim, faço os possíveis para os ultrapassar, mas este é o processo mais moroso dos três.

IM: O que foi que te pediram concretamente que representasse o espírito da IM?

AS: Pediram-me para tentar ilustrar uma cena pós-batalha com alguns guerreiros marcados por uma ou outra diferença a nível de aspecto mas que todos transmitissem um sentido de firmeza e união... um certo perdurar no tempo, em relação ao metal!

IM: Estás satisfeito com o desenho final?

AS: Sim!

IM: Com que idade começaste a fazer os primeiros desenhos mais completos?

AS: Desde que entrei para as Artes!

IM: De onde vem a tua criatividade e traço? É algo que se treina?

AS: Sim! Desenho é puro treino. É percorrer um caminho. Quanto mais percorres mais aprendes. A criatividade não tem muito a ver com o saber desenhar.

IM: Explica-nos como é que chegas a um resultado final? Primeiro, imaginas uma base, certo?

AS: O primeiro passo acontece dentro do cérebro! Imaginar e pensar. Isso já faz parte do desenho, nem que só comece a desenhar no papel no dia seguinte.

IM: Fazes muitos trabalhos “para fora” ou pintas como, quando e onde queres?

AS: Não faço muita coisa “para fora” (como foi este caso) mas a maior parte dos desenhos faço “lá fora”! Fora de casa, nos cadernos de esquiços, e sim, quando e onde quero. Se bem que às vezes faço uns retratos em explanadas ou uns desenhos a pastel no chão para ganhar uns trocos.

IM: A tua banda chama-se Mais Uma Queda. Como está e que planos para futuro?

AS: Os Mais Uma Queda estão também a percorrer um caminho. Temos alguns planos para o futuro mas ainda não sabemos bem quais...

IM: És influenciado por metal? Ou só mesmo algumas coisas?

AS: Eu sou influenciado por tudo que me passe pelos ouvidos, é simplesmente inevitável! Mas ouço maioritariamente coisas que não são classificadas como metal. O engraçado é que em quase tudo que ouço parece estar presente o metal! Aliás, não parece, está mesmo! Nem que seja só um “cheirinho” dele.

IM: E o skate?

AS: Quanto ao skate, ora bem, já perdi a conta às tábuas que parti... Já ando de skate há uns sete ou oito anos. Parei durante uns largos meses recentemente, mas já voltei ao estouramento de pés e de canelas diário! Sempre a thrashar! Posso dizer que o skate foi o melhor que aconteceu na minha vida.

IM: Já agora e para terminar, deixa uma mensagem para o pessoal que enverga a tua ilustração na t-shirt oficial da IM e sítio onde possam ver os teus trabalhos.

AS: Deixo esta mensagem: “Try not, Do! Or do not... There is no try”. Podem ver alguns dos meus trabalhos em http://arbu.deviantart.com/gallery/
Críticas e comentários são apreciados! Obrigado!
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:26

Gargula

Lobos vs Gárgulas

Por: Paulo Silva

Depois dos gigantes Alkateya na década de 80/90, o vocalista João Pinto, mais uma vez munido de músicos de excepção, continua a perpetuar um legado musical importantíssimo, o heavy-metal puro e duro, épico e "como manda a lei". Com uma nova roupagem, qual lobo em pele de cordeiro, os Gargula são o novo capítulo, uma nova etapa, numa espécie de transformação dos Alkateya mas não adulterada. Trazem oxigénio ao metal português e transpiram alma ao vivo. Esperemos que estejam cá por muito tempo.


IM: O que esteve na origem dos Gargula?

JP: Os Gargula resultam da separação entre três membros dos Alkateya [eu (voz)], o Manel "Animal" (bateria) e o Pedro Simões (guitarras) e o baixista Paulo Rui na Primavera de 2007.

IM: Como têm decorrido os concertos? Como tem sido a aceitação do público em relação aos temas de Alkateya que fazem parte do vosso set ao vivo?

JP: Após nos reunirmos com o baixista Pedro Mendes, o novo projecto sofreu vários contratempos - primeiro, com a saída do Manel, por motivos profissionais incompatíveis com a regularidade dos ensaios e depois com a adaptação do seu substituto, Paulo (ex-Ferro & Fogo) e só já no início de 2008 conseguimos gravar as primeiras três malhas, criar o nosso myspace e colocá-las on-line. Depois, tivemos que cancelar três concertos, por motivos relacionados com uma operação que eu fiz para extracção das amígadalas, e a saída subsequente do baterista. A escolha do baterista Artur, demorou algum tempo e assim, só já em 2009 retomámos as actuações ao vivo. Em relação às músicas, ainda que o som Gargula tenha tido muito boa aceitação, os clássicos dos Alkateya, como o "Star Riders", "Exodus" e "Face to Face" põem sempre o público ao rubro e a cantá-los connosco. Por graça, costumamos até dizer, entre nós, que esse legado funciona para nós como as versões de grandes bandas de heavy-metal que em regra as bandas nacionais tocam ao vivo!

IM: Os Gargula são a continuação natural dos Alkateya?

JP: Os Gargula vão, obviamente, na sequência lógica evolutiva dos Alkateya, ainda que, estruturalmente, as músicas e os riffs tenham sofrido um actualização pelo contributo decisivo do Pedro Simões.

IM: Gravaram a primeira demo em 2008 e a segunda em 2009, quais as principais diferenças entre elas?

JP: Acho que as primeiras músicas são mais "straight forward", mais directas, num estilo que assenta em refrões fortes e cujos riffs têm um pulsar mais imediatista, funcionam sempre bem ao vivo! As malhas da segunda demo são já mais complexas, com variações de ritmos e andamentos e carecem de mais audições para serem interiorizadas. O seu desenvolvimento assemelha-se mais àquelas malhas dos Alkateya, tipo "The Call & The Crash (all men stand still...)" ou "Lusitania (Mare Clausum, Ruler of The Seas)".

IM: Como surgiu a participacção do Artur Almeida (vocalista dos Attick Demons) no tema "S.O.S."?

JP: Conheço o Artur desde 2003, quando fizemos o primeiro concerto de reunião dos Alkateya em favor do Cameraman Metálico, no antigo Garage. Depois mantivemo-nos sempre mais ou menos em contacto e para essa música ("S.O.S.") pensei logo na suas características vocais para conjugarmos os timbres, como já o tinha feito nos antigos tempo dos Alkateya com o meu irmão e depois no CD "Lycantrophy", onde juntei várias vozes.

IM: O (já) tão aguardado primeiro álbum de Gargula poderá surgir num futuro mais ou menos próximo?

JP: No estádio actual da tecnologia e das potencialidades de divulgação da música, optámos por tentar todos os anos colocar na internet três temas novos. A gravação de um disco só será viável via uma editora, nunca auto-editado.

IM: O que acham do actual panorama do metal nacional?

JP: Actualmente, o panorama metálico nacional está muitíssimo desenvolvido, proliferam as bandas e de qualidade! A cena do heavy metal old-school esteve durante alguns anos metida num "ghetto", quando só víamos cartazes de som extremo a germinar nas salas e festivais, mas acho que isso está a mudar, inclusivé, com o grande empenho que entusiastas organizados como a Irmandade Metálica têm tido em apoiar este estilo fundador do rock mais duro e pesado! Bem hajam!

IM: Planos para o futuro?

JP: Tencionamos continuar a compôr e a fazer os "gigs" onde nos queiram. Assim tenhamos público e eventos e podem contar connosco!

IM: Para finalizar, uma mensagem para os leitores da Irmandade Metálica.

JP: Para os verdadeiros fãs do metal, uma só frase: Keep It True!


N.R: Na altura em que esta entrevista foi feita, Artur ainda era o baterista de Gargula. Entretanto, o line-up sofreu algumas alterações e já existe um terceiro lançamento da banda, o EP "Devil's Work".
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:27

Harum

Cemitérios de Metal

Por: Paulo Silva

Apesar de um pouco longe dos grandes "centros de decisão" (mas por isso não menos profícua, pelo menos nas décadas de 80 e 90), "metemo-nos à estrada" e fomos em cruzada até terras do Algarve recordar, provavelmente, a mais mítica banda de metal algarvia: os farenses Harum! O amável e carismático vocalista Cesário Fernandes levou-nos, descontraídamente, por uma viagem aos tempos pré-internet, onde cada situação era vivida ao limite e tatuada na memória para sempre. Bem-vindos aos "Cemitérios Pt IM"!


IM: Qual a memória mais remota que tens dos tempos dos Harum?

CF: Bem, elas são tantas, giras e distantes mas talvez a mais longínqua será mesmo um domingo à tarde ainda antes dos 90’s terem entrado, lá por meados de 1989, em que fui tentar os meus préstimos como vocalista, no sitio onde os Harum, ainda em fase totalmente embrionária, ensaiavam na altura. Esse lugar e respectiva sala  pertenciam a uma banda filarmónica aqui de Faro. Bons tempos! E por lá fiquei...

IM: Ainda te lembras do primeiro concerto da banda a 2 de Junho de 1990?

CF: Ui… se me lembro!!! Até te posso dizer a t-shirt que tinha vestida e tudo... Era branca com um emblema da Républica de San Marino que o meu pai me tinha oferecido duma excursão por lá. Era tipo a minha t-shirt/amuleto da sorte! O João Belo ficou sem a guitarra uns momentos antes e tocou com uma Ibanez vermelha emprestada à última da hora por um amigo da banda “no desenrasca”. Fizemos um vídeo e tudo dessa noite que continua bem guardadinho aqui pelos confins da minha casita. Os amigos estavam lá todos, ninguém faltou, e até houve alguns narizes partidos com talvez aquele que teria sido o primeiro momento de mosh aqui por terras farenses. “Bombástico” mesmo, para não dizer “pindérico” foi o facto de eu ter cantado uma das músicas, uma balada, sim uma pseudo-balada chamada “Endless War” com o papel na mão por ainda não saber a letra de cor. Até que alguém na plateia acende um isqueiro e me começa a querer puxar fogo à dita peça... Enfim, hoje é daquelas coisas que só me dá vontade de rir ao tentar rever-me em tão recambolesca cena!

IM: Como correram as gravações da primeira demo "Born In Hell" e como foi o concerto de lançamento no Morbidus Bar em Faro?

CF: As gravações foram uma grande maluquice, sempre com muita algazarra, bebida e, acima de tudo, muito boa disposição, sempre apanágio de vida no interior dos Harum por muito tempo! Quanto ao concerto no Morbidus, foi 5 estrelas! De novo casa cheia, à pinha. Quanto ao momento alto da noite, talvez quando o nosso roadie Zé Maria, no final do concerto, se enrolou por completo nos cabos e nós já nem sabíamos se ríamos ou chorávamos... Enfim, tempos que já não voltam mais...

IM: Os Harum foram uma banda que inovou bastante o meio na altura, ao criar um espectáculo intitulado "Mosh In Hell", que contava com caixões, cruzes e uma lápide com mais de dois metros de altura em palco, além de um belíssimo jogo de luzes, sendo inclusivé feito um vídeo desse concerto. Que recordações guardas desses tempos?

CF: As recordações são as melhores. Na altura, aqui por Faro éramos vistos como a banda dos maluquinhos e afins e com a curiosidade de ainda nos rotularem mais vincadamente pelo facto de alguns dos nossos "papás" na altura serem “personalidades” aqui da vida e sociedade farense! Quanto aos caixões e companhia, isso era um bocado chocante para muitos! Lembro-me de certa noite na feira aqui de Faro quando fomos lá tocar e era com o PA da Câmara de Faro. Quando o concerto acabou estava tudo a deitar fumo desde as colunas até quase à mesa e pronto, nesse dia a C.M.F. teve mesmo de trocar de aparelhagem pois aquela tinha “entregue a alma ao criador” à nossa conta. Inclusivé, nessa noite quase todos os feirantes foram reclamar à "gerência" da feira pois quase não conseguiram vender nada por o barulho ser tanto! Enfim, grandes e velhos tempos. Mas como diria o nosso amigo Devin Townsend: "That’s fuckin metal!”. Curioso também o facto de na altura e perante tais ambientes que nos eram conotados, tais como as cruzes, lápides, caixões, cemitérios e afins, começarem a surgir "silly" rumores nas hostes farenses, onde por acaso fui "vítima" de um bastante estúpido/infeliz ou mórbido, como lhe queiras chamar. Dizia então a historia que o Cesário, vocalista dos Harum, tinha na sua mesinha de cabeceira, a fazer de candeeiro, uma caveira real que tinha ido algures roubar ao cemitério numa noite de luar. Enfim... Agora imaginem a minha mãezinha a ouvir tal boato tão estúpido... Hoje rio-me, mas palavra que na altura me deu alguns calafrios.

IM: A fase seguinte da banda seria as participações em concursos de música moderna portuguesa, entre eles, o do Johnny Guitar, o do Bar Ben em Alcobaça, o do "Som do Arco" em Guimarães. Como era participar nesses concursos na época e percorrer o pais de lés-a-lés com tão poucas condições?

CF: O Bar Ben em Alcobaça quase que já parecia fazer parte oficial do nosso roteiro. Em Alcobaça, tínhamos uma verdadeira legião de fãs, muito boa gente por sinal, apanágio de terras lusas. Lembro-me de numa das noites termos ficado sem dormida e então o dono do Bar Ben deu-nos o próprio bar para lá dormir dentro. Imagina cinco loucos a dormirem num sítio cheio de bebida e alguma comida com a “agravante” de termos ficado com o bar aberto!!! Ganda malha! Ainda por cima no dia seguinte teve de nos ajudar a empurrar o carro pois a nossa carrinha Peugeot, já muito velhinha, não queria mesmo pegar! Era a "Traineira", como lhe chamávamos. Referente ao participar em concursos nessa altura, era engraçado mas um pouco cansativo também e às vezes quase que remar contra a corrente, por assim dizer. Ficámos algumas vezes em segundo lugar pois, das duas uma, ou os primeiros lugares seriam para as bandas da respectiva zona ou cidade, ou então era mesmo contra-natura atribuir-se um primeiro lugar a uma banda de metal, mas talvez ainda hoje seja um bocado assim. Recordo-me também do concurso em Lisboa no Johnny Guitar com grandes bandas da altura, como por exemplo, os saudosos e grandes Dinosaur. Velhos tempos do Pop-Off da RTP2 com a Sofia Morais!

IM: Pouco tempo depois, em 1992, gravariam a segunda demo "Ticket To Hell". A diferença para a primeira demo é enorme, quer em termos de estúdio quer em termos de composição. Queres falar-nos dessas diferenças?

CF: Eu acho que isso não foi mais que uma tendência normal da banda. Todos nós já tínhamos amadurecido mais um pouco, tanto como colectivo e como músicos. Esta segunda demo foi gravada num estúdio pertencente na altura a uma rádio local aqui de Faro. Nela já todos nos tínhamos empenhado um pouco mais a sério do que na primeira, verdade seja dita. Já sentíamos algum pesozito de responsabilidade em cima, não só por sermos das primeiras bandas farenses da altura, como ainda o facto de na altura já termos rodado alguma parte do país, nunca esquecendo a importante tarefa de não desiludir os fãs, que na altura já começavam a fazer número por estas bandas. O Zé Augusto, baterista, era já um músico profissional e, acima de tudo, já todos levávamos a música muito a sério. O Gualter dava aulas de guitarra e eu tinha acabado três anos de guitarra clássica + educação musical no Conservatório de Faro. Como muitos dos que me rodeiam o sabem bem, eu tenho dois mundos aos quais me dedico há anos de alma e coração. A música e a aviação. E quem me os ousar tirar, tira-me quase tudo! Essa demo teve, em minha opinião, alguns temas bem orelhudos, sendo o seu apogeu com o “Cemitérios Pt II”, em minha opinião, e passo a "falsa modéstia" (mas como diz o amigo José Mourinho, temos de gostar por vezes do que é nosso), um dos melhores temas que já se fez por estas paragens, que foi aquele onde mais adorei (e me gostei de ouvir) cantar, e talvez o melhor tema de sempre dos Harum. Ainda hoje sinto um arrepio na espinha quando o oiço. Pena que não ficou registado, pelo menos que eu saiba, nenhuma gravação da versão mais rápida e poderosa/ligeiramente modificada que nos últimos dias apresentávamos nos nossos concertos antes da minha saída e do João Belo (no dia que anunciei a minha saída da banda em 1992, foi precisamente na noite em que tinha feito o meu concerto #50, portanto meia centena, um numero giro!). Ao que parece, também foi eleito por muitos como o "bastião" dos Harum, este “Cemitérios Pt II”. Na minha humilde opinião, o “Cemitérios Pt I” estava bem crú, e o “Cemitérios Pt III” já um pouquito “cliché”. A nível de produção, a “Ticket to Hell” já teve um dedinho mais astuto também.

IM: Após o lançamento da demo, começam a "Ticket To Hell Tour 92". Queres destacar algum concerto que tenham dado? Alguma história curiosa que vos tenha acontecido nessa tour?

CF: Ui... Elas foram tantas e boas... E concertos também! Gostei imenso dum concerto em Tunes a abrir na altura para uns "amigos" chamados Moonspell, (não sei se conhecem...), vindos ainda da fase Morbid God, passando para a abertura, aqui por Faro, de bandas como os Peste & Sida, Censurados (que acabou tudo à pancada na audiência) e os britânicos GUN, e o carinho especial que senti ao tocar nesse distante e mítico Johnny Guitar! E mais por aí adiante... Bem, quanto a histórias giras, passando por termos ido tocar a uma “casa de meninas” algures aqui nos algarves, e de uma "menina" me ter querido despir no palco num concerto lá para o norte, talvez a mais curiosa se tenha passado aqui no lindo castelo de Silves, a abrir os saudosos Procyon! “Reza a história” que, a páginas tantas, uma das cordas do baixo do João partiu-se. Então, e ainda hoje passados tantos anos juro que não sei o que me passou pela cabeça, deu-me para me pôr a cantar o “Fui ao jardim da Celeste, giroflé...”. O Zé na bateria colou-se logo à brincadeira a mandar ritmos, nas guitarras, o João e o Gualter um bocado boquiabertos, sem saber se riam ou se choravam. Lá se colaram também à maluquice e, passados uns segundos, tínhamos um bonita mancha negra de pessoal a fazer mosh e stage-diving ao som deste verdadeiro clássico lusitano! E a entoar também! E como digo... foi ganda malha!!!

IM: Como surgiu a vossa participação na mítica compilação "The Birth of a Tragedy"?

CF: Se bem me lembro, na altura fomos contactados pelo Hugo Moutinho da editora independente MTM Records. Solicitou-nos os temas da última maqueta e por fim foi escolhido o tema-título “Ticket to Hell”. Para a compilação vinil da MTM, “The Birth of a Tragedy”, este mesmo tema foi regravado com algumas diferenças do original, sendo o processo todo feito nos estúdios Diapasão aqui de Faro. Por curiosidade, este tema foi o único cuja letra foi escrita por mim. Na altura a internet ainda era praticamente mentira (nos moldes que hoje a conhecemos), televisão por cabo quase, e os meios de propagação eram os comuns para a época. Portanto, quase que só nos restavam as rádios e fanzines nacionais. Mas grandes e saudosos tempos, pois assumo que sou, sem dúvida, um saudosista/nostálgico nato!

IM: Pouco tempo depois, acabavas por sair da banda devido a problemas de saúde, mas há relativamente pouco tempo, fizeram um concerto de reunião na Associação de Músicos do Algarve. Como é que foi o regresso? O que sentiste?

CF: Ui! Grande pergunta essa!!! Sabes, meu amigo Paulo, se tivesse que escolher uma situação que mais me tivesse tocado nos últimos tempos, quiçá anos, de certezinha que essa memorável noite iria estar no topo da pirâmide! Ensaiámos com garra, amor à camisola, dias a fio... Alguns a sair dos empregos e ainda a virem "fardados", outros com membros da já criada e respectiva família, etc. Nunca mais de vou esquecer dessa noite, c’um cacete!!! Sabes que pela primeira vez na história da Associação, e passados muitos anos de concertos dos mais variados espectros musicais, a cerveja esgotou-se e a lotação excedeu por completo? E falo de bandas lusas e estrangeiras. Era Fevereiro mas lá dentro estavam, à vontadinha, mais de 30 graus, tal o calor humano! Era lindo pois começámos com os “Cemitérios Pt 1”, que fazia 18 anos de vida. E foi assim que eu introduzi o concerto como se pode atestar no YouTube: ”Boa-noite Faro, há 18 anos era assim!”. Aquilo estava a rebentar pelas costuras! Alguns de nós tínhamos filhos, sobrinhos, etc, a ver-nos e a tentar perceber como eram os "papás" antes de eles nascerem. Outros, como no meu caso, levámos colegas do trabalho também, nem que fosse pela sua curiosidade de verem como eram os respectivos colegas em cima de um palco! Palavra que nunca esperei que aquilo enchesse daquela maneira. Havia malta do Algarve inteiro! Quando subi ao palco, palavra que fiquei estúpido, sem gota de suor, depois e passados muitos anos voltei a sentir-me eu. E soube bem, se soube… Muito bem mesmo!!! Comigo nas vozes foi o “Cemitérios Pt 1”, o ”Self Destruction” e, para finalizar em conjunto com o Rui Santana, a cover do "velhinho" “Should I Stay or Should I Go” (The Clash). O “Death Runners” foi vocalizado só pelo Rui, outro dos vocalistas da história Harum. Estávamos ainda para fazer uma pequena brincadeira-surpresa com uma "brutal-version" da “Floribela” mas não deu lá muito bem nos ensaios... Foi muito nostálgico, até fui desenterrar uma t-shirt velhinha do Morbidus Bar, já extinto, onde há anos atrás havíamos começado, como leram anteriormente. Ficámos também felizes por termos contribuído juntamente mais as outras bandas dessa noite (todas reuniões aqui do "burgo" farense), para que o dinheiro feito nas entradas revertesse a favor duma associação algarvia de crianças vítimas de paralisia cerebral. Era a noite do 15.º aniversário aqui da ARCM. Foi também lançado um DVD dessa noite com as bandas todas.

IM: Podemos sonhar com o regresso dos Harum um dia destes?

CF: Ora aí está uma pergunta bem peculiar. Desde que fizemos esse concerto/retorno em 2007, rara é a semana em que não há alguém que não me venha perguntar o mesmo. Por mim, era já amanhã mas relativamente aos outros elementos, não me fica muito bem falar por eles, por isso fico-me por aqui. No entanto, eu e mais um grupinho de pessoal daqui, e bem trintão, tal como eu, estamos a pensar seriamente num projecto de novo comigo nas vozes, em algo que a todos nos é comum: thrash-metal bem revivalista e old-school! Talvez uns Gammacide dos 2000’s... Como atestava no épico filme “1492”, Cristóvão Colombo dizia que a vida tem mais imaginação do que aquela que transportamos nos nossos mais ousados sonhos, e como todo o Homem que não tem imaginação não tem asas, então tudo pode acontecer ainda!

IM: Para terminar, mensagem final para os leitores da Irmandade Metálica.

CF: Oiçam música, muita música, e nunca mas nunca se desfaçam da vossa colecção antiga de k7’s, Vinil, tudo e mais alguma coisa. Orgulhem-se sempre de tudo o que possuam, seja metal, rock, pop, etc. Sejam sempre vocês mesmos e que a música intemporal nos possa sempre unir a todos, como se de uma religião tratasse! Parafraseando o mítico John Miles:

Music was my first love
and it will be my last
Music of the future
and music of the past

Obrigado Paulo por esta entrevista! Saúde para todos!!!
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:27

Afterdeath

O Chamamento da Morte

Por: Paulo Silva

Os Afterdeath foram (e continuarão a ser) uma das bandas indeléveis do underground metálico português. Pioneiros da sonoridade death-metal no nosso país, juntamente com os Thormenthor, foram uma das identidades metálicas mais importantes durante a década de 90 e muitos se lembrarão do emblemático tema "Digital Horizons" ou, por outro lado, Azinhaga do Serrado (quem não ficou com estas palavras gravadas na cabeça durante anos?). Tivémos um bate-papo com o Sérgio Paulo sobre os Afterdeath, a Guardians of Metal, a fanzine "Abismo", figos e outros assuntos.


IM: És uma personagem incontornável do underground metálico português. Já fizeste uma fanzine chamada Abismo, um clube de fãs denominado Guardians of Metal, que daria posteriormente origem a uma editora, além de, obviamente, teres sido o vocalista dos Afterdeath. Como nasceu o teu gosto pelo metal?

SP: Quando era adolescente, como não havia internet nem revistas de metal, o que conhecia era através da televisão e quando vi os Iron Maiden na televisão fiquei fascinado com o som, as capas dos discos, o visual deles e as imagens dos concertos. Isso foi quando eles cá vieram em 1986 na digressão do "Somewhere In Time" com os W.A.S.P., em que mostraram imagens do concerto que eu acabara de perder. Por essa altura, a minha mãe deixa-me ir sozinho comprar duas t-shirts "normais" e eu vou a uma loja de discos comprar uma t-shirt do "The Trooper" e começo a comprar os discos de Iron Maiden em vinil a pouco e pouco e em 1988 lá estava em Cascais (Pavilhão do Dramático) no concerto com os Helloween. Por isso, quando surgiu a oportunidade de abrir um bar, para mim era óbvio que tinha de ser em homenagem aos Iron Maiden.

IM: Como surgiu a Fanzine “Abismo”?

SP: Todos os clubes de fãs naquela altura tinham uma fanzine como orgão oficial para chegar aos seus associados, com artigos normalmente tirados de revistas estrangeiras, críticas a discos e concertos, passatempos, etc...

IM: O que te levou a criar a Guardians of Metal, quer como clube de fãs quer, mais tarde, como editora?

SP: Inicialmente, era para ser um clube de bairro para o pessoal de Carnide, mas com a divulgação na página metálica do Jornal Blitz, rádios locais e com a venda de fanzines na discoteca Bimotor, em pouco tempo, a Guardians of Metal tinha sócios no país inteiro. Depois comecei a vender merchandise e CD's por correio e em concertos e festivais e quando em 1994 resolvi levar a coisa mais a sério, nasce a editora.

IM: Os Afterdeath nascem quando? Como é que tudo começou?

SP: Conheci o primeiro baixista dos Afterdeath num concerto na Damaia em Julho de 1988, encabeçado pelos Casablanca, que na altura ainda se chamavam Valium. Mais tarde, através dele viria a conhecer o guitarrista Nuno Maciel e eles já tinham instrumentos e davam uns toques juntos com outro pessoal, na brincadeira. Os Afterdeath nascem em inícios de 1990, numa tasca na Damaia, fruto de conversas com o Nuno, bem regadas de cerveja. Em meados desse mesmo ano tínhamos a primeira formação e a primeira sala de ensaios na Reboleira.

IM: Como foram as reacções às primeiras promo-tracks “Death is Calling” e “Digital Horizons”? E aos primeiros concertos da banda?

SP: Apesar de sermos uma banda ainda muito verde quando gravámos a promo "Death is Calling" (que quanto a mim, já na altura achava que tinha ficado horrível) e demos os primeiros concertos, as reações foram muito boas. Antes de nós só havia os Thormenthor a praticar um som mais pesado e já havia muito pessoal a gostar de death e thrash, por isso, no início ia muita gente aos nossos concertos e quando actuámos no estádio do Barreiro para 3.000 pessoas, ao anunciarem o nosso nome, houve logo uma reação bastante entusiasta e quando fomos ao Porto pela primeira vez, o "Digital Horizons" só tinha passado uma semana antes no Lança-Chamas da rádio Comercial e já havia muita gente lá a cantar o refrão.  

IM: Em 1992, lançam uma demo que marcou o panorama nacional na altura, a demo “Behind Life”, gravada nos Heaven Sound Studios e produzida por João Martins. Como recordas essa altura?

SP: Éramos uma das bandas mais populares da altura, mas os outros membros dos Afterdeath preferiam gastar o dinheiro em droga em vez de investir na promoção da banda. Por isso a demo foi gravada em 1991 e só foi editada em 1992 porque não tinha mais dinheiro após a gravação e tive de andar a vender figos à porta de uma padaria, que apanhava numa quinta perto de minha casa, para poder editar profissionalmente a demo como eu achava que deveria ser, com capa em offset a cores, cassete timbrada e duplicada profisionalmente e selo do IGAC para poder ser comercializada em discotecas.

IM: Como surgiu o convite para participarem na compilação “The Birth of a Tragedy”, com o tema “Digital Horizons”?

SP: Foi o Hugo Moutinho da editora MTM que editou a compilação e nos pediu um tema para incluir na mesma. Nessa altura houve um "boom" de bandas a gravar a norte, no Rec n' Roll do Luís Barros e a sul no Heaven Sound do João Martins. Era a altura perfeita para lançar uma compilação do género.

IM: Em 1994, lançam a demo “Unreal Sight”, que incluía antigos elementos dos Thornado. Como apareceu a oportunidade de eles se juntarem aos Afterdeath?

SP: Já conhecia o Virgílio, guitarrista dos Thornado, e convidei-os para fazerem a primeira parte dos Afterdeath no Tramagal, naquele que viria a ser o último concerto dos Afterdeath com a formação anterior. Os outros membros saem logo de seguida e, entretanto, entro para a tropa mas ainda antes de sair da tropa, três membros dos Thornado já se tinham juntado a mim e começado a ensaiar sempre que possível. Como curiosidade, os Thornado ao início tinham também um segundo guitarrista chamado Ricardo (Amorim), que foi para os Paranormal Waltz e que hoje está nos Moonspell.

IM: No ano seguinte, em 1995, editam o tão aguardado álbum de estreia “Backwords”, que foi lançado pela tua editora, a Guardians of Metal. Que memórias guardas dessa altura?

SP: Tínhamos uma proposta de uma grande editora portuguesa que ia abrir um subsidiária dedicada ao metal, um bocado à semelhança da Movieplay que tinha a Skyfall, íamos ser a primeira aposta deles, mas essa editora acabou por desistir do projecto ainda antes de arrancar com ele. Entretanto, começam as divergências musicais com o guitarrista a querer fazer outro tipo de som e acabam por sair todos da banda. Por coincidência, nessa altura reencontro o guitarista Nuno Maciel com quem formei a banda e já não via há algum tempo. Tinha estado uns tempos nos Açores e estava a planear ir viver para Inglaterra mas também gostava que a banda que ajudou a nascer conseguisse finalmente editar um CD. Por isso tratámos de arranjar dois amigos ali da zona e começámos a compôr e ensaiar sete dias por semana e em três meses tínhamos 10 temas prontos para ir gravar ao Rec n' Roll. Quando o álbum foi editado e começámos a dar os concertos de promoção já o Nuno estava em Inglaterra. Convidámos um guitarrista que já tinha tocado anteriormente, o baterista e o baixista que gravaram o álbum, para dar os concertos. Tivemos uma semana a gravar de dia no Rec n' Roll e à noite a beber copos nos bares da Ribeira do Porto.

IM: Tens algumas histórias curiosas/engraçadas que queiras partilhar dos tempos da banda?

SP: Quando começámos a banda, nenhum de nós tinha carta de condução ou carro, por isso levávamos os nossos amplificadores nos transportes públicos. Por vezes o meu pai lá levava a banda e o material e todos vinham ver como é que se metia todo o material da banda e os quatro elementos num Fiat 127. Num concerto na Figueira da Foz foi tal o atraso que os empregados já estavam a arrumar e limpar antes de começarmos, parte do público a dormir nos sofás e quando acabámos já era de dia cá fora. No Tramagal, o resto da banda atrasou-se e perdeu o comboio mas foram lá ter à boleia e lá demos o concerto. Quando actuámos em Serpa, no baixo alentejo, nunca por lá tinham visto e ouvido uma banda de metal, nem gajos de cabelo comprido e havia uma série de miúdas histéricas a gritar e a puxar pelos cabelos, mais parecia um concerto dos Beatles. O primeiro concerto foi numa escola onde o palco foi feito com mesas que começaram a afastar-se umas das outras quando estávamos a actuar. O último concerto dos Afterdeath foi em Cantanhede, organizado pelo Manu (da Silva) do Eddie´s Bar que, infelizmente, já não está entre nós.

IM: Uma vez que a Guardians of Metal ainda existe e é um exemplo de perseverança, coloco-te uma questão que não consigo resistir (eh!eh!eh!): Podemos sonhar com um regresso, um dia destes, dos Afterdeath? Ou é algo que pertence ao passado?

SP: A Guardians of Metal ainda existe porque depende só de mim, já um regresso dos Afterdeath depende mais da vontade dos outros ex-membros. Quase todos os músicos que passaram por Afterdeath saíram por falta de interesse em continuar na banda e foi por causa das constantes mudanças de formação e do desinteresse dos outros que me fartei de procurar novos elementos e dei por terminada a banda em 1997 para me dedicar mais à Guardians of Metal.

IM: Para finalizar, uma mensagem aos leitores da Irmandade Metálica.

SP: As demos de Afterdeath e dois temas que só sairam em compilações, foram remasterizadas em 2002 e só será editado em CD e vinil quando todos aqueles que matam a música a fazer downloads ilegais voltarem a comprar os discos quando eles saem e não 20 anos depois! Se há coisa que eu não compreendo são aquelas pessoas que quando sairam os primeiros álbuns de Tarantula e V12 achavam-nos maus e não os queriam nem dados e que agora estão dispostos a pagar o belo para os ter!!! Apoiem as novas bandas agora que elas existem e não uns anos depois de elas terem acabado. Quem não conhece o som de Afterdeath pode ouvir em www.myspace.com/afterdeathportugal, uma página feita por um fã anónimo.
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:28

Ibéria

Guerreiros da Terra Perdida

Por: Paulo Silva

Os Ibéria estão de volta. Depois de anos em descanso, o colosso do hard n' heavy português - que tanto ajudou a desbravar no embrionário underground português - acordou e está de volta para fazer mais amigos. O baixista João Sérgio conduz a máquina que nos leva pelos meandros desta identidade e, sem medos, toca em assuntos relevantes não deixando nada por dizer.  


IM: Em primeiro lugar, o que motivou este regresso dos Ibéria?  

JS: O regresso dos Ibéria era uma ideia que eu e o Toninho já tínhamos há imenso tempo. Víamos algumas bandas a regressar, sabíamos que o nosso trabalho tinha sido bastante válido para o metal nacional e sentíamos que não era justo o projecto ter sido interrompido tão abrubptamente. Queríamos, de facto, voltar a erguer os Ibéria. O que se passou foi um período bastante longo de silêncio, forçado, devido não só aos acontecimentos que motivaram essa mesma interrupção (saída de elementos fulcrais - Landum foi para os Da Vinci, tendo sido obrigado a abandonar os Ibéria -, final de contrato com a editora que não gostando da linha que os Ibéria estavam a seguir nos "tirou o tapete" e cessou o contrato para futuros discos, ida dos elementos para outros projectos - eu para os Da Vinci, Toninho para os UHF, João Alex formou os Shangai Blue, entre outras condicionantes), como também a um período em que estivemos algo "afastados" do meio musical, dedicando-nos, basicamente, à familia e às respectivas profissões. Por meu lado, continuei a tocar sempre (andei em bandas de covers, fiz outros projectos, dei aulas de baixo, etc) e isso ainda me motivava mais a elevar a banda de novo, mas isso só aconteceu numa conversa que tive com o Landum em 2007 em que ele me disse que a Espacial (editora a que está ligado) comprou todo o catálogo da Discossete e com isso, os álbuns dos Ibéria! Ficámos entusiasmados com a ideia de poderem ser re-editados os trabalhos, o que aconteceu em Fevereiro de 2009, com a saída dos dois CD's re-masterizados pelo Tó Carvalho e re-editados pela Espacial. A banda já estava preparada desde 2008 para fazer face a uma série de concertos, nem que fosse para homenagear os trabalhos. A ideia de voltar a meter a banda na estrada e continuar em moldes mais sérios de novo, foi no final de 2008 em que juntámos os novos elementos (o David só veio a integrar a banda em Fevereiro de 2009, mas como foi operado só começámos a ensaiar a sério em Abril) e em coisa de dois meses e pouco conseguimos meter os Ibéria a tocar ao vivo, tendo sido a estreia no In Live Café na Moita, no dia 6 de Junho de 2009.

IM: Como têm corrido os concertos após o regresso?  

JS: Muito bem! A estreia no dia 6 de Junho foi simplesmente magnífica! Estava uma casa cheia, tínhamos o público bastante eufórico por nos ver novamente e estávamos em muito boa onda nessa noite! Correu bastante bem, a banda mostrou-se extremamente coesa em palco e a malta curtiu imenso! Foi uma noite inesquecível e tivemos ali a prova de que os Ibéria vieram para ficar! O concerto da Baixa da Banheira também foi excelente, tivemos umas centenas de pessoas a ver-nos e correu bastante bem! Foi bom regressar com aqueles temas à nossa terra natal após mais de 15 anos! Tem estado a correr bem, estamos em preparativos para recomeçar a mexer nos temas novos, estamos já a preparar mais espectáculos até ao final do ano. A adessão das pessoas aos Ibéria tem sido muito boa, temos malta de todos os quadrantes etários a ir ver a banda e as críticas têm sido as melhores. Temos recebido inúmeras mensagens a dizer que os Ibéria estão com a melhor formação de sempre desde o seu início! Isso só nos motiva e vamos continuar a trabalhar para melhorar ainda mais.

IM: Alguma história engraçada/curiosa que vos tenha acontecido durante um concerto ao longo da carreira da banda?

JS: Tantas... Em todos os anos que a banda esteve no activo houveram dezenas de histórias, de situações caricatas, de bons e maus momentos. Uma banda como os Ibéria que se apresentava em 1986 às pessoas com um visual nada ortodoxo, a tocar do modo como tocávamos, num país como Portugal, imaginas o que se falava de nós, nessa altura? Foram tempos em que tivemos de ter uma reserva de paciência sem limite e encarar de tudo: desde gente a tratarem-nos como "aliens", até episódios na estrada com fãs, tocar em camionetas de caixa aberta a servir de palco, chegar ao local do concerto e não haver PA, ter gajos atrás do João Alex a quererem-lhe bater porque as miúdas deles não o largavam, sei lá... Havia a concepção de que uma banda de metal não tinha exigências de nada e que eram uma cambada de drogados barulhentos que só faziam porcaria e que qualquer coisa lhes servia. Era assim com esse pressuposto que os organizadores e agentes artísticos da época nos tratavam, a nós e a todos, aliás, bandas como os Ibéria, os Tarantula, os Casablanca, Procyon e outros desbravaram terreno para que esse tipo de mentalidade e esse estado de coisas fosse, aos poucos, desaparecendo e constato hoje que as coisas mudaram para melhor, nesse campo, pelo menos.  [/b]

IM: Que diferenças notas agora no meio metálico nacional em relação ao que acontecia no passado?

JS: Como já te disse na resposta passada, uma das coisas que vejo que está melhor é a questão da organização, em especial em termos técnicos: temos melhor material (se assim não fosse...), temos excelentes técnicos (som, luzes, estudios...), começa a haver um "know-how" semelhante ao que de melhor se faz lá fora, sem dúvidas. O que noto também é que há inúmeras bandas de metal, na altura haveriam umas 100-200, presentemente deverão haver umas 1000 bandas de metal se não forem mais! A cena cresceu, mas infelizmente há também muitos projectos que não passam de isso mesmo, alguma má qualidade de algumas bandas que são misturadas no meio do restante panorama e uma mentalidade ainda pouco aberta a coisas novas, o que muito me desaponta. Pensei que ao fim de tantos anos, a comunidade metálica já tivesse posto de parte certos postulados existentes há 20 anos atrás! Fomos (nós, os metálicos!) marginalizados por tudo e todos ao longo dos anos, e agora que há uma maior compreensão por parte da sociedade em geral em relação ao movimento metálico, somos nós próprios que ainda não aprendemos a conviver uns com os outros, deixando de lado as diferencas de estilo, etc. Há pequenas guerras e invejas entre bandas, coisa que já há 20 anos atrás achei absurdo! Infelizmente, há malta que em vez de trabalhar, olha somente para os louros de quem na verdade desenvolve trabalho válido, o que é, no mínimo, lamentável. Também percebo que os sítios para tocar são escassos, os que há, na maioria são pequenos bares, não há muitas salas de média/grande dimensão para as bandas mostrarem o seu trabalho às massas. Também não há, se calhar, grande vontade do público português ver bandas nacionais, com a crise instalada e com a falta de "cash", guardam-se muito para os festivais de Verão, alguns concertos de bandas "maiores" estrangeiras e lá de vez em quando vão a concertos de bandas portuguesas, nomeadamente a festivais de metal. Nota-se perfeitamente esse estado de coisas, as pessoas, aliás, dizem-nos isso. Dum modo geral a cena está melhor, mas há muito por fazer ainda, penso eu.

IM: Como surgiu a edição em digipack dos vossos dois álbuns? E como conseguiram uma distribuição tão razoável uma vez que até consegui adquirir ambos os álbuns numa grande superfície comercial?

JS: A edição surgiu com a tal ideia minha e do Landum de conseguir meter cá fora os trabalhos em CD. Ele falou com o Francisco, dono da Espacial, que gostou da ideia. Aliás, o Francisco teve simultaneamente essa ideia quando um amigo lhe falou nos Ibéria e das saudades que tinha de nós. Ele pensou "espera aí, mas eu tenho os Ibéria no meu catálogo!". Quando o Landum falou com ele, as coisas começaram a andar para a frente, o Tó Carvalho fez um excelente trabalho em re-masterizar os dois trabalhos (felizmente tínhamos a master do "Ibéria" em fita ainda e o "Heroes Of The Wasteland" em DAT. O single "Hollywood" já não foi possível recuperar em boas condições), a editora pediu-me umas fotos e umas raridades da banda (que estão impressas nas capas interiores dos CD's) e um dia, em Fevereiro de 2009, o Landum convidou-me para jantar. Qual não foi o meu espanto quando verifiquei que estava o pessoal ligado à edição todo à minha espera para me fazer a surpresa, com os CD's na mão! Foram editados na semana seguinte e começaram a ser distribuidos. A distribuição não atingiu alguns sítios-chave (a FNAC, por exemplo recusou-se a ficar com o exclusivo), mas encontra-se os CD's em quase todo o lado. De qualquer modo, estamos nós também a fazer a venda on-line, através do site (www.iberiarocks.com), do myspace (http://www.myspace.com/iberiaband) e do Hi5 (http://iberiaband.hi5.com) ou basta contactarem-nos em iberiarocks@gmail.com .

IM: Foi fácil arranjar “novos” músicos para re-erguer a banda?

JS: Não. Foi fácil arranjar músicos, mas arranjar músicos sendo eles as pessoas certas, como pensamos que está neste momento, não foi fácil. O Toninho foi uma escolha natural porque além de ser um dos elementos fundadores da banda, estava disponível, andava sempre a "desafiar-me" para recomeçarmos a banda, etc. O seu valor como guitarrista é indiscutível, é ainda hoje considerado por muitos como um dos melhores guitarristas de rock pesado em Portugal. Os outros elementos da fundação dos Ibéria (João Alexandre e Tony Cê) não estavam disponíveis para voltar a embarcar nesta aventura. Somos amigos e foi-lhes explicado todo o processo, tendo eles concordado que eu levasse a ideia por diante e apoiaram o regresso. O Landum continuará como produtor e apoiará sempre a banda, como já deixou explícito numa grande entrevista conjunta que demos ao Correio da Manhã, não faz parte da banda como músico, mas está intimamente ligado a todo o projecto. Será ele o produtor do novo trabalho, por exemplo. Assim sendo, o vocalista também era uma escolha que não oferecia muitas dúvidas. Dentro da onda dos Ibéria, a pessoa indicada, tanto pelos dotes vocais, como pelo visual, como pelo espírito da cena, teria de ser o Miguel Freitas. Já tinhamos falado nisto anteriormente e não vejo outra pessoa para desempenhar melhor esta função, encaixa que nem uma luva no projecto de banda dos Ibéria. O outro guitarrista já estava pensado há anos, o meu amigo Jorge Sousa, companheiro de outras lides logo a seguir aos Ibéria, andámos juntos em muitos projectos e sem dúvida que é uma mais valia em todos os aspectos para os Ibéria. É das pessoas mais disciplinadas, quando se trata de trabalhar em música, que eu conheço. Além disso é um excelente guitarrista, tendo evoluído bastante nos últimos tempos, está em grande forma. Por fim, o baterista... Fizemos inúmeras audições a vários bateristas, apareceu gente muito fixe e com muita vontade, mas não parecia haver ninguém com aquele kick que precisávamos. O Miguel falou então com o David Sequeira que tinha acabado de sair dos Ferro e Fogo, onde esteve uns quatro ou cinco anos e ele, vendo o projecto dos Ibéria, aceitou prontamente! Estamos super satisfeitos com a prestação do David, como músico (one hell of a drummer!) e como pessoa, sempre pronto a trabalhar, sempre com ideias novas e com uma atitude de grande vontade no que concerne ao futuro dos Ibéria. Estamos com uma equipe fantástica, desde a banda, os técnicos, RP, pessoal da editora, management, etc. Vamos com certeza preparar tudo para que 2010 seja o ano dos Ibéria.

IM: Podemos contar com um novo disco dos Ibéria a médio/longo prazo?

JS: De certeza, esse é ponto assente: os Ibéria vão entrar em estúdio (perto do final de 2009, esperamos...) para gravar um novo trabalho. Queremos ter um novo disco no início de 2010 cá fora e fazer uma tour a promovê-lo! É o nosso principal objectivo para já. Este ano vamos ainda fazer alguns espectáculos e continuar com a promoção possível, como é logico, mas vamo-nos concentrar especialmente no trabalho de composição (já há muitas coisas na forja), gravação e posterior edição de um novo disco.

IM: Como é conciliar o emprego e família com a banda uma vez que, presumo, todos vocês tenham mais responsabilidades agora do que quando a banda este activa na 1ª fase?

JS: É difícil, claro. Quando tens um emprego a tempo inteiro, família, filhos e ainda a banda, é complicado gerir a tua vida em função de uma só coisa, isso é normal, penso, em toda a gente. O que se passa é que com a paragem grande que os Ibéria fizeram, tanto eu como o Toninho arranjámos empregos, tal como a maioria do resto da banda. As coisas nem sempre são fáceis, é muito difícil (não é impossivel, há resistentes o que é de louvar) viver só da musica em Portugal. Os Ibéria foram a prova disso, infelizmente, nada mais me agradaria do que passar todo o meu tempo e dedicar todas as minhas energias ao projecto que eu adoro que são os Ibéria! Nós cá temos vários exemplos de bandas que têm de conciliar o seu trabalho na banda de originais com uma banda de covers por exemplo, ou acumular várias ocupações ligadas à música, tais como técnico de som, trabalhar numa promotora ou editora, etc. Nós estivemos a viver da musica durante anos, é uma verdade, mas quando as coisas nem sempre correm bem tens de te virar e a solução na altura foi a de arranjar um emprego. Eu por exemplo, sou maquinista dos Alfas e Intercidades na CP. Esta problemática não é muitas vezes abordada e fiquei satisfeito de questionares isso. Devia-se falar mais sobre isso. Lá fora uma banda sueca ou finlandesa, por exemplo, têm os seus elementos a ganhar dinheiro com a banda, mas simultâneamente, têm um estatuto de músicos, oferindo dum subsídio por exemplo, que nós por cá não temos. Aqui é a velha máxima de que se queres ter algo mais, tens de ir trabalhar. "Faz-te à vida!" dizem... Não há apoio aos músicos de qualquer forma. O músico, assim como noutras artes, continua a ser marginalizado pela sociedade, pelo estado e pelas entidades competentes para o efeito. Sem querer entrar em polémicas desnecessárias, em Portugal dá-se subsidios a toda a gente, muitas vezes sem quererem trabalhar somente, e se fores pedir um subsídio ou uma ajuda para um músico, que deveria ter tempo para exercer somente essa função - tocar, compôr, melhorar a sua performance, estabelecer etapas e criar projectos para o futuro - mandam-te ir passear e bater a outra porta, ou como me aconteceu a mim, mandam-te trabalhar. É difícil, portanto, conciliar todas as actividades, mas com muita vontade, com o apoio dos teus amigos e da tua família em especial e com uma garra enorme, consegue-se lá chegar. Tem de se trabalhar muito para se conseguir lá chegar e é verdade, vê-se em Portugal que quem trabalha na música a sério e com extrema dedicação, de forma honesta e descomprometida (o exemplo dos Moonspell, entre outros), consegue objectivos e consegue vencer. Costumo dizer às bandas que começam agora e me pedem alguns conselhos: "Nunca tenham inveja de quem trabalha, sigam-lhe tão somente o exemplo.".

IM: Para terminar, a tradicional mensagem para os leitores da Irmandade Metálica.

JS: Espero que curtam os Ibéria, voltámos com muita vontade de tocar para todos vocês e mostrar o nosso trabalho. Sejam sempre honestos convosco, defendam as vossas convições mas respeitem sempre o próximo. Mesmo que não tenham os mesmos gostos e não partilhem das mesmas ideias, o que interessa é que respeitem o trabalho e o esforço de todos. Juntos conseguiremos uma comunidade metálica mais unida e mais forte. Bem-hajam!

N.R. Posteriormente a esta entrevista, os Ibéria já lançaram o novo álbum, intitulado "Revolution".
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:28

Witchcurse

Veneno grego

Por: Jorge Geirinhas

Uma vez que tivemos a honra de contar com estes gregos na 2ª edição do Festival da Irmandade Metálica “Unidos Pelo Metal”, que se realizou na Covilhã, foi feita uma entrevista ao vocalista e fundador dos Witchcurse, Possessed. Vários temas foram abordados, desde a banda, o underground e o festival da Irmandade Metálica.


IM: Saudações, irmãos metálicos! Antes de mais, falem-nos um pouco da formação da banda e o porquê de terem escolhido o nome Witchcurse?

P: A banda começou em Novembro de 2005. A história dos Witchcurse é um bocado antiga. Eu tinha escrito algumas músicas para a banda, anos antes da sua formação. O problema é que eu não conseguia encontrar membros! Eu vivia numa pequena vila e era o único metálico lá! Quando me mudei para Salónica (a segunda maior cidade da Grécia), o problema mantinha-se! Apenas metálicos "gays", góticos desmiolados, hardcores, etc. Após uma procura incessante descobri o L-Drak para a bateria e Mr. Necromartyr para as guitarras. Um ano mais tarde, Necromartyr abandonou a banda (gravámos com este line-up apenas uma k7 com um ensaio "Rehearsal 18/12/2005" e tivemos alguns excelentes concertos.) Descobrimos o próximo guerreiro metálico, na pessoa do Stinky Finguers. Com este line up destruimos muitos palcos e gravámos a nossa primeira demo "Heavy Metal Poison", que já está esgotada. Lançámos ainda uma live-tape pela Dynamite Dystro: "The Witch Is Alive". Finalmente, nos últimos meses entrou o nosso segundo guitarrista, Necro! Com ele gravámos duas músicas para um split 7" com os Witchtiger (Fin). Quanto ao nome: eu quero tocar heavy metal algo antigo, original, verdadeiro, sem toques gays, influenciado pelo som da NWOBHM! Muitas bandas desta época tinham a palavra "witch" no nome. Há os Angel Witch, Witchfynde, Witchfinder General, etc, eu queria isso para a banda! Portanto acho que Witchcurse é perfeito.

IM: Na Grécia há toda uma cena heavy-metal muito forte. Qual achas que seja a razão para isso acontecer? Como vês as diferenças na cena ao longo dos anos?

P: Não creio que na Grécia haja uma cena muito forte. Quando falamos numa cena forte, falamos de banda unidas, editoras, distros, fanzines, etc! Na Grécia há algumas pessoas que amam esta música, ajudam bandas underground, organizam concertos, etc. Mas as bandas aguardam a sua promoção por parte destas pessoas, mas a maioria armam-se em "rockstars" e não sabem nada do verdadeiro espirito undergorund. Há uns anos atrás havia um forte underground black metal com os tape-traders, excelentes lançamentos (Varathron, Rotting Christ, Necromantia, Zemial, Sadistic Noise, etc), mas actualmente há apenas algumas pessoas que continuam desta maneira.

IM: Achas importante preservar o uso de k7 em alguns lançamentos? Porquê?

P: Sim, é importante! É como um sinal para verdadeiros maníacos do underground. Quando alguém vê um flyer a anunciar o lançamento de uma demo tape, então pode ter 90% de certezas que a banda tem um bom conhecimento do underground. É também importante para a banda usar k7 para os seus lançamentos. Com isto eles sabem que o seu material vai chegar a boas mãos!

IM: Que bandas underground, gregas, recomendas aos nossos leitores?

P: Há algumas bandas bem interessantes: Freezing Fog, Conspiracy, Nocturnal Vomit, Unholy Archangel, Steamroller Assault, Released Anger, Dragon's Lair são algumas excelentes bandas novas. Naturalmente que ainda há algumas excelentes bandas antigas: Crush, Vice Human, Varathron, Zemial, Agatus, Thou Art Lord, Sadistic Noise, Sarissa, Vavel, Nigel Foxxes Inc., Deceptor, Rust, Spitfire, Exoristoi, Gladiator, Conan.

IM: Quais são as principais influências dos Witchcurse?

P: Bandas da NWOBHM como Angel Witch, Holocaust, Demons, Demon Pact, Satanic Rites, Crucifixion, Witchfinder General, Chargier, Cloven Hoof, Blitzkrieg, etc! Há ainda algumas influências de bandas europeias como Picture, Heavy Load, Randy, Running Wild, Accept e ainda algumas bandas americanas como Manowar, Thor, Savage Grace, Shok Paris, Satan's Host! Quando à temática das letras nós apoiamos a violência contra o falso metal, bebida, bebida e bebida, vómito, caos, Satan, temas medievais ocultos, etc. No fim de contas: true, pure, fuckin, dirty, horror, rotten heavy metal!!!

IM: Vamos falar um pouco do concerto em Portugal! O que é que o público português pode esperar de vocês?

P: Preparem-se para um verdadeiro 80's, violento e raivoso show de heavy-metal!!!

IM - Como se sentem nestas semanas, que antecedem o concerto? Excitados? Ansiosos?

P: Estamos aborrecidos!!! Estamos desejosos da viagem para Portugal, do concerto e todas essas coisas boas! Não nos sentimos excitados ou ansiosos. Esses sentimentos não são para uma verdadeira banda de heavy-metal! Sentimo-nos com força para incendiar o palco português.

IM: Quais são as vossas expectativas para o concerto?

P: Penso que será fantástico! É a primeira vez que tocamos fora do nosso país e é também o primeiro concerto com o nosso novo guitarrista Necro! Todas as músicas soam agora mais fortes que anteriormente, sentimo-nos mais fortes que nunca! Aguardem para uma verdadeira explosão!

As seguintes questões foram respondidas depois do concerto que deram cá.

IM: Com que impressão ficaram do público português?

P: Todas as pessoas foram fantásticas. A cidade também era fantástica! Um dos melhores tempos da minha vida! Desejo voltar a estar em Portugal brevemente!

IM: O concerto superou as vossas expectativas?

P: Sim, claro! O público foi excelente, verdadeiros guerreiros do heavy-metal. Foi o primeiro concerto fora da Grécia e nunca o esqueceremos.

IM: Últimas palavras para os nossos leitores?

P: Quero agradecer a todos os que tiveram no nosso concerto e que nos ajudaram em Portugal! Irmandade Metálica fuckin' rules! Nunca esqueceremos esses dias fantásticos em Portugal! Heavy-metal para sempre!
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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:29

The Evil Dead

Esqueletos, Cerveja e Rock n' Roll

Por: Rui Vieira

Os The Evil Dead são um jovem quinteto oriundo da terra do tango, Argentina. De Buenos Aires chega-nos esta agradável surpresa traduzida num som viciante, dinâmico e groove q.b. Trocámos algumas ideias com os eléctricos TED, sempre bem dispostos e com muita vontade de visitar Portugal e o Eddie's bar!



IM: Hello! Introduce us the band The Evil Dead (TED) to the Portuguese metal community, your actual line-up and recordings.


TED: Cheers and beers to all Portuguese metal fans!! We are The Evil Dead from Buenos Aires, Argentina. We play our style of music which we call "Skeleton Boogie", kind of a mixture between thrash metal, old heavy metal and 70's/50's rock n' roll. We have recorded so far the "Old nº 7" demo (2007), "Ex nun on the run" EP (2008) and right now we are in the process of recording our first album entitled "Pronounced (the evil) dead". The line-up stands as: Alejandro Regueiro (26) vocals; Santiago Botalla (21) drums; Ian Regueiro (21) guitar; Lucia Velarde (19) bass; Federico Franco (21) guitar; Michel Regueiro (23) guitar.

IM: How has been the feedback from people that know the band? T.E.D. has already a consistent legion of fans?

TED: The feedback to the recordings and mostly live shows has been pretty good so far. Each time we do a gig the word spread around because our live shows are fucking electric and just kill (how it should be, right?) and also a good party atmosphere and comradely. We could say we have a following, yeah!!! In a normal show in Buenos Aires with good promotion we might get around 80 people just to see us. But, for instance, in Formosa (province up north, we toured twice over there), the last time, we filled the house with 200 maniacs! And fans around the globe are growing each day, "Ex nun on the run" just got released in Oceania so that will help a lot. If anyone is interested in releasing it around Portugal, please contact us!

IM: Do you play with regularity in Argentina? And outside your country?

TED: Haven't played outside the country yet, but cannot wait to do it, I'm trying to work some dates outside, would love to play in Portugal too! Right now we are not playing live as we are concentrating on the recordings, but normally we might do one or two dates a month, some months more, some less.

IM: About touring in Argentina, there are places with good conditions for a band to play? There’s a circuit for an underground band to show their work?

TED: Touring is quite hard actually, costs a lot of money. The best places are in Buenos Aires but are mainly for big bands but in the provinces you might get a surprise or two in the venues, they might not look pretty but they sound awesome!! There is an underground circuit for sure but it's hard for a band like us that doesn't sing in Spanish or with the typical lyrical content most bands here do, so I guess we are a fresh thing but the word is spreading around...

IM: What can you tell us about the metal scene in Buenos Aires and in South America in general? It is common to hear about South American thrash bands but not about bands like T.E.D., I guess…

TED: South American metal scene is huge man, especially in places like Brazil. Argentina has a big metal underground but most bands are very alike following old bands like Hermetica and V8 which we love but do not try to copy. I guess you are right, we are one weird fish you could say but our loyal deadites support us well. Join us!!

IM: Do you know any bands from Portugal? Ok, possibly Moonspell…

TED: Sadly not really, I know Moonspell but it's not really my cup of tea. If any band wants to contact us, please do it. Would rock to hear some good music.

IM: Have you ever been in our country?

TED: Nope. One day soon I hope, would love to visit Eddie's bar for fucking sure!!! My parents have though, and a friend of us that helps us with the press as well. She went to Europe for three months last year. Let's do a fucking Portuguese tour!!!

IM: Thank you for the short and possible interview. Can you leave a message for the IM community and future Portuguese fans in general?

TED: Thanks Irmandade Metálica for the interview and thanks to everyone in the Portuguese metal community that has supported us. We'll see you soon, hopefully. Keep on rocking and banging and come check us out, we won't disappoint you!!! And stay on tune for the upcoming stuff. You can keep track of us on www.myspace.com/theevildeadargentina Soon we will upload more videos and shit. Cheers and beers!!!

N.R. Posteriormente a esta entrevista, os The Evil Dead sofreram algumas alterações na sua formação. A baixista Lucia Velarde foi substituida por Santiago Giusti. Já lançaram também o seu 1º álbum de originais, "Pronounced (The Evil) Dead".

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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:29

Grind Or Be Grinded (Parte 3)

A análise profunda ao Grindcore

Por: Lúcia B. Martins

Pois é, meus amigos headbangers... Aqui está a 3ª parte da minha análise ao Grind. Descobrimos as origens do estilo, os subgéneros mais comuns e as grandes bandas pioneiras. Desta vez iremos descobrir alguns dos seguidores daqueles que nos trouxeram a vertente musical mais extrema do momento, e que ajudaram a mantê-la ao longo dos tempos, principalmente nos finais da década anterior. E aqui estão eles...



TERRORIZER

Formados em 1986, influenciaram muitas bandas de hoje em dia. Surgiram cedo, mas também foram seguidores (a sonoridade da banda ficou definida após Jesse Pintado ter mostrado a demo do lado-A do “Scum” dos Napalm Death ao resto dos elementos, que na altura eram quase todos putos fãs de Punk). O line-up clássico da banda era constítuido por Oscar Garcia na voz, Jesse Pintado na guitarra, David Vincent no baixo (a substituir Alfred Estrada, que na altura estava preso) e Pete Sandoval na bateria. Só que, na altura, não foi fácil para eles ganhar popularidade. Apenas o seu primeiro álbum, World Downfall, lançado em 1989 pela Earache Records (o álbum chegou à Earache através de Mick Harris, baterista dos Napalm Death na altura. Shane Embury também ajudou, ao fazer uma “lavagem cerebral” a Digby Pearson, o dono da Earache), os ajudou a saírem da cena local e a marcarem lugar na história.

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Algum tempo depois do lançamento do álbum, as coisas começaram a correr mal para os Terrorizer. As oportunidades para tocarem ao vivo eram cada vez mais raras e alguns dos membros começaram a desinteressar-se e a seguir outros caminhos. Era o fim da banda. Após esse tempo, apenas os iríamos ver noutras bandas (Vincent e Sandoval como membros de Morbid Angel e Pintado nos Napalm Death). Em 2005, corriam rumores que diziam que a banda se iria reunir. Isto confirmou-se e, em Agosto de 2006, sai o segundo álbum, aquele que muito pouca gente julgava que iria ser lançado, Darker Days Ahead. Infelizmente, Jesse Pintado faleceu na semana de lançamento do álbum, devido a complicações com um coma diabético. Mesmo assim, ouve-se dizer que a banda planeia continuar a tocar. Se isto se confirmar, será que conseguirão alcançar ainda mais do que aquilo que conseguiram no passado? Para os die-hard fans do primeiro álbum da banda, parece um pouco complicado. Mas não é impossível.

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N.R. Os Terrorizer continuam e lançaram em 2012 o álbum "Hordes Of Zombies".

BRUTAL TRUTH

Formados em Nova Iorque por Dan Lilker, ex-Anthrax, S.O.D e Nuclear Assault, em 1990. São vistos também como uma das bandas que ajudou a definir a cena Deathgrind. O line-up inicial era constituído por Dan Lilker na voz e baixo, Brent “Gurn” McCarty na guitarra e Scott Lewis na bateria.
Apenas uma demo bastou para fazer com que a Earache se interessasse neles em 1991. Lilker pôs os projectos que tinha de parte para se dedicar a 100% aos Brutal Truth. Essa demo, assim como a outra demo gravada antes desta, continha faixas que iriam ser gravadas novamente e que iriam aparecer melhoradas em 1992, no álbum de estreia Extreme Conditions Demand Extreme Responses. Álbum esse que se tornou numa obra-prima da cena Deathgrind, e ajudou a banda a ganhar seguidores noutras partes do mundo. Inclui as faixas Ill Neglect e Walking Corpse, essenciais nas actuações ao vivo, e Collateral Damage, a faixa que os pôs no Guinness em 2001 (por ter o vídeo mais curto de sempre, com a duração de 2,18 segundos apenas).

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Após duas tournés americanas (sendo uma delas com os Napalm Death, Carcass e Cathedral, na Campaign For Musical Destruction), seguiram para a Europa com os Fear Factory, e logo a seguir para o Canadá de novo com os Napalm Death. Como estavam sempre prontos a experimentar algo diferente, em 1993, em parceria com outra banda, fazem uma remix Techno do mini-LP Perpetual Convulsion. Nessa mesma altura, fazem a primeira tour pelo Japão. No fim desse ano, e durante o início de 1994, começam a escrever faixas novas para o álbum seguinte, Need To Control, uma descarga enorme de fúria, e o ponto de transição para o futuro da banda, com porções do Grind tradicional, Hardcore Punk, Death Metal e algum Electro/Ambient. Com um baterista novo (Rich Hoak, ex-Ninefinger), a banda embarca em tourneés mais longas pela Europa e pelos E.U.A juntamente com os Pungent Stench e Macabre.

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Mais tarde, a banda começa a ter problemas com a Earache (tal como muitas outras que por lá passaram). Depois de se mudarem para a Relapse, lançam o mini-álbum Kill Trend Suicide em 1996, o álbum Sounds Of The Animal Kingdom em 1997, e o duplo-álbum Goodbye Cruel World antes de se separarem em 1999, com faixas ao vivo no disco 1 e uma espécie de compilação no disco 2. Lançaram também vários split 7" singles, muitos deles extremamente difíceis de encontrar. Em 2006 reúnem-se, com Lilker, Hoak e Sharp do line-up anterior, e Erik Burke (dos Lethargy) como guitarrista novo. Quase 10 anos depois de se terem separado, 4 faixas novas surgem na compilação da Relapse This Comp Kills Fascists em Julho de 2008. Em Janeiro de 2009 foi anunciado que o novo álbum da banda, Evolution Through Revolution, já estava pronto. Foi lançado em Abril no mundo inteiro. Todas as faixas do álbum também estão disponíveis no website da banda. Possivelmente virão mais tournées, desta vez de promoção ao novo álbum…

N.R. Os Brutal Truth lançaram em 2011 o álbum "End Time".

NASUM

Formados em 1992 por 2 ex-membros dos Necrony (o guitarrista Anders Jakobson e o baterista/vocalista Rickard Alriksson) em Örebro, na Suécia. Bastantes fãs os vêem como salvadores do Grind, já que a partir da segunda metade da década de 90 a popularidade do Grind entre os fãs deste som extremo desceu acentuadamente. As grandes bandas criadoras mudaram musicalmente (por exemplo os Napalm Death, para uma onda mais progressiva do Death Metal, ou os Carcass, que foram adicionando elementos mais melódicos), e aquelas bandas americanas, seguidoras, mas que ao mesmo tempo ajudaram a definir a sonoridade do Grindcore, já tinham acabado e antes disso, o seu som já não era como dantes. A ideia de Anders Jakobson era criar uma banda de Grind liricamente semelhante aos Napalm Death. Algumas músicas foram escritas, mas não lhes trouxe nada de novo. Em 1993 a editora alemã Poserslaughter Records fez-lhes uma proposta: gravarem um split com os goregrinders australianos Blood Duster (que mais tarde acabaria por ser com os mestres belgas Agathocles). A banda aceitou. Duas semanas depois, adicionam um membro novo: o guitarrista Mieszko Talarczyk, de origem polaca. Pouco tempo depois decidiram enviar várias tapes com as faixas do split-EP Blind World com os Agathocles a várias editoras, esperando conseguir mais ofertas. Duas chegaram: uma da Ax/ction Records com a proposta de um split com Psycho (que se iria chamar Smile When You’re Dead) e uma oportunidade de aparecerem na compilação Really Fast Vol. 9. Durante as gravações na Ax/ction Records, Mieszko cria a sua própria editora, Grindwork Productions, juntamente com um amigo. É lançado o Grindwork 4-way-split MCD dos Nasum com os C.S.S.O (Clotted Symmetric Sexual Organ), Vivisection e Retaliation, pela Unisound Records.

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Em 1994 a banda começa a escrever material para uma demo. 10 músicas foram escritas à pressa. Algumas músicas foram regravadas, e 2 covers foram feitas. O resultado seria a demo Domedagen. Como a gravação foi feita em colaboração com estudantes sem experiência, a treinarem para serem engenheiros de som, o resultado não foi muito bom. O facto de tudo ter sido feito à pressa também não ajudou. Em 1995 a banda regressa à Unisound para gravarem 18 músicas, 12 delas novas e 6 da demo anterior. A maioria delas foram todas escritas em sueco. O resultado? Um MCD chamado Industrislaven. Após ter sido lançado, começam a surgir oportunidades para tocarem ao vivo. Isto começou a criar algum mau ambiente na banda. Alriksson confessou que a ideia de tocar ao vivo não lhe agradava. Jakobson entra em contacto com Per Karlsson, que aceitou imediatamente juntar-se à banda durante os concertos. Fizeram então a sua estreia em palco em Åstorp, no Sul da Suécia, e no dia a seguir em Berlim a convite da Poserslaughter Records. Depois de uma busca por um novo baterista definitivo, que foi um fracasso, Jakobson decide ocupar o lugar deixado por Alriksson, ficando apenas Talarczyk como vocalista, baixista e guitarrista. Em 1996 começam as gravações para o EP World In Turmoil. 24 faixas foram gravadas, 16 delas para o EP, e as restantes para o split-EP The Black Illusions. Ambos se tornaram parte do material mais brutal da banda.

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Em 1997 gravaram 16 faixas para uma compilação de Grind/Powerviolence internacional chamada Regressive Hostility, e uma cover, Visions Of War, para um tributo escandinavo aos Discharge. Uma tape com todas essas músicas foi enviada para a Relapse Records. A editora reconheceu o talento deles e ofereceu-lhes uma grande oportunidade: gravarem um álbum. A banda aceitou imediatamente. Muito esforço foi feito durante as gravações, e em Maio de 1998 é lançado Inhale/Exhale, o álbum que, de acordo com alguns fãs, salvou o Grind da extinção. Com 38 faixas ao todo, foi o 1º álbum dos Nasum. 6 outras faixas tinham sido gravadas, sendo 4 delas covers, que iriam sair mais tarde na versão vinyl do álbum em 1999. A banda decide também procurar um baixista. O escolhido foi Jesper Liveröd, dos Burst. Surge a oportunidade de tocarem nos E.U.A, graças à Relapse, na 13ª edição do Milwaukee Metalfest e na Contamination Tour com os Exhumed, Today Is The Day, Soilent Green e Morgion. Assim que regressaram, fazem sessões de ensaio durante 2 semanas, praticando mais músicas novas, antes de começarem as gravações para o 2º álbum. Durante esse tempo, ainda andaram em tour pela Suécia, com os Entombed, e tocam também num festival de Punk/Hardcore em Umeå. Tiveram ainda tempo para gravar a cover de Tools Of The Trade que iria aparecer num tributo aos Carcass. Human 2.0, o 2º álbum da banda, é lançado em Abril de 2000. A banda passa grande parte do tempo em tournée pela Europa durante o Verão e o Outono desse mesmo ano.

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Os anos seguintes também foram bastante intensos. Os Nasum aparecem nos cartazes de imensos festivais na Europa, sendo um deles o mítico Wacken Open Air, regressam novamente aos E.U.A e tocam pela primeira vez no Japão. Durante o fim do Verão de 2002, regressam novamente ao estúdio e preparam o 3º álbum, Helvete. Já tinham um segundo guitarrista temporário, Urban Skytt dos Regurgitate e ex-membro dos extintos Crematory (suecos, claro). Helvete é lançado em Maio de 2003 no mundo inteiro, primeiro no Japão (dia Cool, depois nos E.U.A (dia 13) e a seguir na Europa (dia 19). Antes do lançamento do álbum, a banda entra numa tour finlandesa com os grinders locais Rotten Sound. No Verão de 2003 percorrem novamente o país natal em tour. Logo depois, Liveröd anuncia a sua saída da banda para se dedicar a 100% aos Burst. Jon Lindqvist entra a substituí-lo, logo após uma audição. Skytt também se torna membro permanente da banda. O novo (e que tragicamente se iria tornar no último) line-up estava completo. Em 2004 a banda prepara músicas novas para o próximo álbum. No Inverno de 2004 a banda viaja novamente até ao Japão com os Napalm Death, A.C. e Pig Destroyer para a  7ª edição da Extreme The Dojo Tour. Estavam radiantes por voltar a tocar com os mestres Napalm Death e rever os fãs japoneses. Quando regressaram à Suécia, mal sabiam que tinham 2 prémios à espera; um deles de Melhor Álbum de Metal de 2003 (com Helvete) e o prémio P3 Guld (que as rádios locais atribuem por nova música). Depois de deixarem a Relapse, mudam para a editora local Burning Heart Records, que iria lançar o 4º álbum de nome Shift. Entram novamente em tour pela Suécia e passam pelo festival finlandês Tuska Open Air. Antes do lançamento do álbum, gravam ainda um vídeo para o tema Wrath. Shift é lançado em Outubro de 2004. Os Nasum percorrem novamente a Europa em tour alguns dias depois, desta vez como headliners.

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2004 termina com grandes esperanças para o futuro da banda: um novo álbum estava a ser planeado, iriam tocar novamente na Europa inteira e nos E.U.A e ainda iriam tocar na cerimónia de entrega dos P3 Guld’s de 2005 que iria ser transmitida em directo... Mas algo trágico iria acontecer. Durante umas merecidas férias na Tailândia, para passar o seu 30º aniversário com a namorada, Talarczyk foi uma das vítimas mortais do tsunami de 26 de Dezembro de 2004. O seu corpo foi descoberto e identificado 2 meses após a catástrofe. Os restantes membros da banda acharam que não fazia sentido continuar sem ele, e separam-se. Skytt continua com os Regurgitate e Jakobson, depois de formar os Coldworker, decide trabalhar com a Relapse para a compilação Grind Finale com os splits, covers, faixas de compilações e faixas bónus dos Nasum. Em 2008 a Relapse lança um álbum com um dos concertos da banda no Japão, Doombringer. A história termina aqui, mas os Nasum continuarão a marcar presença através da música que deixaram, e a influenciar mais fãs deste som extremo.


ROTTEN SOUND

Grandes seguidores dos Napalm Death e Extreme Noise Terror, e sérios candidatos a sucessores dos Nasum nos dias de hoje. Formaram-se em 1993 pelo guitarrista Mika Aalto em Vaasa, na Finlândia, juntamente com o vocalista Keijo Niinimaa, o baixista Masa Kovero e o baterista Ville Väisänen. Entre 1994 e 1996 lançam 3 EP’s (Sick Bastard em 1994, Psychotic Veterinarian em 1995 e Loosin’ Face em 1996) e um split-EP com a banda Control Mechanism, de nome Splitted Alive, em 1997. É também em 1997 que é lançado o 1º álbum da banda, Under Pressure, pela editora espanhola Repulse Records, já com o novo baterista Kai Hahto (ex-Cartilage). Ainda não eram muito conhecidos, mas progressivamente foram largando o estatuto underground. Em 1999 sai o 2º álbum, Drain, também pela Repulse Records, com o 2º guitarrista Juha Ylikoski e o novo baixista Pekka Ranta, e em 2000 gravam o EP Still Psycho que continha uma cover de Reek Of Putrefaction, dos britânicos Carcass. A banda percorre a Europa numa tour com os Malevolent Creation, In Aeturnum e Hateplow.

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É a partir de 2001 que os membros da banda passam a ser conhecidos através de nicks com apenas uma letra (Niinimaa como G, Aalto como Q, Ylikoski como J, Hahto como K e o novo baixista Mika Häkki como H). Em 2002 é lançado o 3º álbum, Murderworks, pela Deathvomit Records. Mieszko Talarczyk não só produziu e gravou o álbum, mas também participou nele (inclui uns riffs dele no tema Obey, e canta em Agony. A intro e outro também foram feitas por ele). É gravado o vídeo para o tema Targets. Duas tours pela Europa se realizam para promover o álbum: a Murdering Europe Tour, com os Fleshless e Lykathea Aflame, e outra em Junho de 2003 com os Debauchery e Hateplow. Em 2004 entram na tour americana Grind the East Coast com os Phobia, Circle Of Dead Children e Strong Intention. Exit, o 4º álbum, é lançado em Janeiro do ano seguinte. Mieszko Talarczyk trabalhou mais uma vez juntamente com a banda para este álbum, durante o ano anterior. Há quem note bastantes semelhanças musicais com os Nasum em Exit, tal como em Murderworks. Ylikoski já estava fora, ficando a banda apenas com um guitarrista. Häkki é substituído no baixo por Toni Pihlaja (T, segundo a “regra” dos nicks de uma letra). Pouco tempo depois do seu lançamento, Exit alcança o 22º lugar nas tabelas finlandesas. Em Março, percorrem a Escandinávia com os Disfear. Mais material novo viria a caminho. Kai Hahto deixa os Rotten Sound e concentra-se nos Wintersun, uma banda de Epic/Melodic Death Metal. Sami Latva entra a substituí-lo.

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O EP Consume To Contaminate é lançado em 2006. A banda irá percorrer novamente a Europa no ano seguinte em tour. Passam também em Portugal com os Malevolent Creation como parte da Theogonia Tour dos Rotting Christ. Começam também os preparativos para as gravações do 5º álbum, Cycles, que iria ser lançado em Janeiro de 2008 pela Spinefarm Records. Juha Ylikoski, mesmo fora da banda, toca guitarra nos temas Blind, Deceit e Decimate. Levou tempo, mas os “putos” que veneravam os mestres do Grind, mas que diziam também ter algum Thrash Metal como influência, conseguiram sair de debaixo da terra para mostrarem ao mundo aquilo que valem, semeando o terror e o caos à sua passagem. E talento é o que não lhes falta.

N.R. Os Rotten Sound lançaram em 2011 o álbum "Cursed".


E pronto, ficamos por aqui. Na Parte 4 irei terminar a análise ao Grind com alguns dos álbuns mais marcantes, as grandes obras-primas do Grind.



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Mensagem por Admin 8/9/2013, 19:52

O Estado da Nação Metálica

Por: Dico

Em Novembro de 2007, no âmbito de um especial sobre o Metal português publicado na edição 163 da revista inglesa “Terrorizer”, Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, afirmava: “Portugal é um país que tradicionalmente resiste à mudança, e a cena underground não foge à regra. (…) Agora há melhores bandas, com melhor som, produção e sentido de imagem. A única coisa que poderia criticar é a reminiscência de uma mentalidade de ‘seguidor’. Alguns querem ser os novos In Flames, quando outros já haviam tentado ser os novos Metallica. (…)

Mais à frente, o músico prosseguia: “Ao contrário das cenas finlandesa, sueca ou até alemã, a nossa não tem visão, um caminho a seguir. As pessoas conhecem os Moonspell, mas não me parece que alguém tenha efectivamente aproveitado as portas que abrimos”. Embora eu não partilhe de algumas opiniões de Ribeiro, estas frases resumem fielmente o estado actual do Underground luso.

Com efeito, a democratização do acesso às ferramentas informáticas permitiu às bandas nacionais alcançar, na última década, uma inusitada  autonomia e grau qualitativo a todos os níveis. Formaram-se inúmeros grupos, que se autofinanciam e gerem a sua própria carreira, actuando ao vivo regularmente (salas não faltam, como alguns professam). Grande parte deles ombreia agora com o que de melhor nos chega do estrangeiro, mas não ultrapassa as nossas fronteiras.

A sua abordagem à música, predominantemente reflectida na premissa “followers, not leaders” (com honrosas excepções), é um dos principais bloqueios à internacionalização. Ao invés de marcar a diferença, a maior parte dos grupos nacionais envereda pela “homenagem” às suas influências. Entre tanta oferta, porque irão os fãs estrangeiros querer ver/ouvir a cópia/derivação quando podem ver/ouvir o original? É altura de elevar o Underground português a referência europeia, com uma linha orientadora bem definida!

À sombra da bananeira?

Aliás, seria extremamente pedagógico que as bandas nacionais tentassem perceber o que é que os Moonspell fizeram para merecer o actual status. O êxito do colectivo não é alheio a um grande espírito de sacrifício, uma boa rede de contactos internacionais, alguma noção de originalidade, bom domínio do inglês, apurado sentido de profissionalismo, conhecimento do mercado internacional, força de vontade e…muita sorte!

Por outro lado, faltam mais bandas como os Sacred Sin, Goldenpyre, Necrose, Holocausto Canibal, Corpus Christii, W.A.K.O. ou Switchtense, que se façam às estradas europeias (e não só!) com outros grupos em carrinhas manhosas, a engolir comida nojenta, a tocar em espeluncas isentas de condições, sem descansar entre concertos, mas a ganhar experiência e a divulgar o seu nome, gerando oportunidades futuras. Ou a emigrar, vivendo todos na mesma casa e  trabalhando ao mesmo tempo que promovem a banda, como os More Than a Thousand fizeram.

Tanto que há para melhorar

Além disso, Portugal necessita de uma estrutura editorial forte, abrangente, profissionalizada, com alguma influência no estrangeiro e capacidade para editar, distribuir e licenciar mais álbuns de bandas nacionais e não só. Potenciais investidores precisam-se!

Ao nível dos concertos o cenário é melhor, com inúmeros eventos anunciados e novos festivais a surgir, a regressar ou a afirmarem-se como produtos de qualidade no cenário europeu. No entanto, os patrocínios e o mecenato falham clamorosamente, impedindo bandas, editores, promotores e demais agentes underground de concretizar os objectivos propostos ou dificultando a sua realização.

Por outro lado, ao melhor estilo terceiro-mundista, a imprensa nacional especializada de circulação paga resume-se a um único título – a “Loud!” –, dado não existirem investidores interessados ou capazes de lhe fazer concorrência. O grosso da oferta editorial limita-se portanto às publicações amadoras, com a imprensa underground a oferecer uma razoável oferta de títulos, embora insuficiente.

Igualmente dramática é a falta de renovação nos lugares cimeiros do Metal português, não só no que respeita à hegemonia dos Moonspell, mas também nas áreas do jornalismo profissional especializado, do DJing e da animação de rádio e TV. “Cá fora”, no Underground profundo, há um universo de novos  talentos aguardando ansiosamente pela sua vez.  

Finalmente, verifico em Portugal a ausência de um debate musical sério, que renegue a aridez e boçalidade predominantes. Continuaremos a marcar passo enquanto a sociedade e os próprios fãs/agentes não valorizarem o Metal como parte da Cultura e das Artes, à semelhança do que fazem outros países, extravasando o âmbito puramente musical (cá, a literatura, a investigação, o cinema/documentário, o debate e a tertúlia nesta área são vistos como ridículos e elitistas). Sim, porque o Metal também é cultura!
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Mensagem por Admin 5/10/2013, 19:08

Nuno Oliveira (Metal Horde 'zine)

No princípio era a fanzine...

Por: Rui Vieira

Nuno Oliveira é o resistente que continua a lutar pela existência das fanzines em papel no nosso país. Não é o único mas é dos (muito) poucos que continua esta batalha diária para conseguir reunir e trazer até nós num pedaço de papel o que de mais interessante se pode encontrar no underground português e além-fronteiras. Ei-lo aqui!

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IM: Antes de mais, obrigado por aceitares responder a esta entrevista e saíres um pouco da tua caverna. Começo com uma pergunta de algibeira: Como entraste para o mundo do metal?

Nuno: Para começar agradecer-te por me (nos) dares esta oportunidade de mostrar-mos um pouco o que fazemos. Para responder à tua pergunta, foi um colega do 9º ano que me introduziu no mundo do Metal, dando-me a ouvir umas k7’s de Helloween, Manowar, Iron Maiden, Metallica e afins, isto corria o ano de 1989 e tinha eu os meus 14/15 anitos! Depois junto com esse colega e mais uns quantos fui levado ao concerto de Judas Priest no Restelo, que infelizmente e visto eu ser bastante novato na cena não aproveitei grande coisa! Foi já depois em 92/93 que conheci o Hugo Caldeira e que me mostrou que existia muito para além do que o que eu conhecia! Ainda hoje tenho comigo uma tape que gravei dele e que continha o ‘Astral Sleep’ de Tiamat mais a ‘Haunting the Prayers’ de Sarcastic Angel e que me deixou pregado ao velhinho rádio ouvindo over and over!! A partir daí foi sempre a dar-lhe com concertos atrás de concertos e k7´s gravadas aos montes eheheh!

IM: Chegaste a tocar (ou tocas) em alguma projecto/banda?

Nuno: Por volta de 93/94 puxado por um amigo (Jaime Carmona) que jogava comigo na UDV, fui levado a crer que poderia ter futuro como Rock star eheheh! Comprei um baixo em 2ª mão ao Pedro Valente (R.I.P.) que tocava nos Black Sugar Shit (mítica banda do Rock alternativo de Vila Franca de Xira), comprei um HH de 60 watts na Disco Som (com 3 cheques pré-datados de 20 contos eheh) e juntei-me ao Jaime (na voz), ao Ângelo e ao Cláudio (nas guitarras) e ao Ceitil (na bateria) e assim nasciam os míticos (ou talvez não) Dementia Prae-Cox! Fizemos uns quantos ensaios, fomos expulsos de uns quantos lugares de ensaio (entre eles uma arrecadação na praça de toiros de Vila Franca de Xira) e acabamos por conseguir ficar na garagem dos meus pais em Povos porque o meu pai não deixou a vizinhança despejar-nos!! Em Abril de 1994 abrimos o infame ‘Metal Mutilation Fest’ no Sobralinho onde também tocaram os Imunity, Exomortis, Paranormal Waltz, Exiled, Sarcastic Angel e Decayed e no mês seguinte acabamos eheheh! Juntei-me então com o Caldeira no local de ensaio dos Imunity que era nas Cachoeiras e formamos os Proeminence que tiveram pouco tempo de vida pelo menos de minha parte pois em ’95 apareceu o SMO (para os mais novos isto é o Serviço Militar Obrigatório) e para além de cortar o cabelo, acabei por perder um pouco o interesse por tocar em bandas! Hoje em dia, já tive convites para voltar a tocar mas a vida pessoal deixa-me pouco tempo para esse tipo de actividade e então mantenho-me activo na escrita e a ir a concertos!

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Bilhete do festival onde tocaram os Dementia Prae Cox

IM: E o bichinho das publicações, como começou a entrar?

Nuno: Hum, esse veio por volta de 1997 quando ainda existiam umas quantas fanzines no nosso burgo! Desde ’94 que me tornei um assíduo comprador de fanzines e ainda hoje quando posso adquiro-as seja compradas ou através de trades! Sempre tive ideias e vontade mas faltava-me os contactos e as ferramentas. Então fui adiando até que em 2005 comprei o meu 1º computador com ligação á internet e comecei a fazer uns quantos contactos nos concertos que ia! Em 2006 depois de ir ao SWR Barroselas onde encontrei o Daniel Miranda que fazia a Laudatio Funebris e encorajado por esse senhor da escrita nacional, decidi começar o meu próprio projecto que nasceria em Outubro de 2007 e a que chamei Metal Horde! Na altura também o fiz porque achava (e ainda acho) que existe poucas fanzines de papel pois hoje em dia o pessoal opta mais por fazer as coisas na net, o que sendo mais fácil de fazer não tem tanta piada, nem para quem o faz nem para quem lê!

IM: Como se chega a tantos números de uma publicação tão completa e diversa como a Metal Horde e num underground tão pequeno (e por vezes, desmotivador) como o português? Quais as grandes dificuldades que tu sentes quando pões mãos à obra para uma nova Metal Horde? Estás satisfeito com os resultados obtidos, ao fim de tanto suor, e-mails e avarias de PC?

Nuno: Por várias razões conseguimos chegar aos doze números (e o treze com sorte estará cá fora em Setembro)! Primeiro porque não me apetece ainda acabar com a ideia, gosto de fazer a Metal Horde e tenho orgulho no que vamos editando! Segundo porque tenho uma namorada (a Inês ‘Misha’) que me ajuda bastante com a fanzine e que me vai dando motivação para mantê-la! E terceiro porque sei que ainda há uns quantos malucos que dão valor àquilo que fazemos! A maior dificuldade hoje em dia tem a ver com essa coisa matreira chamada tempo! Se os dias tivessem 27/28 horas provavelmente conseguíamos fazer mais, mas com vida familiar, trabalho e actividades extra curriculares (ir a concertos, beber copos, etc ehehe) o tempo escasseia e infelizmente a maior prejudicada acaba por ser a fanzine que vai saindo cada vez mais espaçada no tempo! Mas estamos a tentar e mais que isto não posso prometer! Outra dificuldade prende-se com a demora de certas entrevistas em chegarem! Eu compreendo que tal como eu, o tempo escasseia a todos mas torna-se complicado fazer as entrevistas e depois estar algum tempo á espera das mesmas! Epá, o resultado para mim é sempre satisfatório bastando para isso a fanzine ver a luz do dia! Cada número é resultado de muito suor, sangue e lágrimas de nós dois e por isso vê-la editada é como ver um filho nascer! Cada número foi um prazer vê-lo em papel nas nossas mãos e melhor resultado que esse é impossível obter!

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Nuno e Inês prontos para mais um SWR em Barroselas

IM: Houve alguma altura em que visses que estaria para breve o fim da publicação?

Nuno: Sinceramente, não! Houve alturas em que vi a fanzine noutros moldes e por isso tivemos a mudança da linguagem de Português para Inglês entre o terceiro e o quarto número mas acabar nunca me passou pela cabeça! O futuro como sabes, pelo menos no nosso país, apresenta-se com bastantes nuvens negras mas vamos tentando manter a fanzine cá fora nem que seja com dois/três números por ano! Ainda têm de nos aturar mais um pouco eheheh!

IM: Como vês estas formas de abordar o metal, principalmente em termos de comunicação? Fóruns, blogs, etc...

Nuno: Os fóruns trouxeram coisas boas, como facilitar a comunicação entre os Metalheads, espaço para podermos publicitar projectos e como agenda de concertos mas por outro lado trouxe também muita conversa de sofá, querelas e trash talk entre users o que acaba por afastar muitas vezes outras pessoas! Quanto a mim posso dizer-te que uso a maior parte dos fóruns como agenda de concertos e para disponibilizar informações acerca da fanzine e pouco mais! Blogs e Web zines não tenho muito tempo disponível para lê-los como também não tenho muita paciência para os ler pois cansa-me a vista, sempre preferi papel a ecrã de computadores! Continuo a preferir as fanzines, magazines e newsletters a qualquer coisa que tenha de ler no ecrã!

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O entrevistador e o entrevistado

IM: Achas que vai havendo espaço para uma publicação impressa em papel, mesmo com o eco-trauma a que estamos sujeitos diariamente e com as novas formas de divulgação?

Nuno: Claro que há, eheh! Seriamente, penso que sim, existe espaço para publicações em papel pois ainda há um nicho do mercado que se interessa por este tipo de publicação. O problema do eco-trauma é relativo pois se pensarmos bem quantas árvores são abatidas para panfletos de publicidade que acabam 2/3 deles no caixote do lixo ou papel desperdiçado nas empresa/bancos/etc? Penso que não será uma fanzine que edita 200/300 cópias por número que vai dar cabo da floresta tropical! Quanto ao ‘combate’ com as novas formas de divulgação, penso que muitas destas são do tipo Mcdonalds, servem aqueles que querem um tipo de atendimento de junk news, ou seja consomem muito e de qualquer qualidade! Por isso é que por exemplo na Metal Horde não encontras espaço para notícias pois não faz sentido com toda esta velocidade que hoje em dia temos na partilha de informação gastarmos papel nisso, guardamos esse espaço para as bandas poderem falar tudo aquilo que quiserem e muito mais! Quanto ao leitor de magazines/fanzines, são aquelas pessoas que para além de quererem ler, querem um objecto que podem guardar, coleccionar e folhear as vezes que quiserem!

IM: O metal hoje em dia é sentido de outra forma? Apesar das mudanças, achas que se respira o mesmo espírito de alguns anos atrás, da década de 80, por exemplo? Ou a questão do espírito é muito relativa e cada vive-o à sua maneira?

Nuno: Espírito e sentimento cada um tem á sua maneira penso eu! Não vale a pena entrarmos no ‘No meu tempo é que era’ pois quem viveu nos 80’s/90´s viveu de uma forma que é quase impossível que alguém que nasceu/cresceu na era pós-Internet consiga compreender! Não havia Web zines, nem blogs e se querias informação precisavas mesmo de comprar fanzines ou ler a coluna do Freitas, o Arame Farpado, no Blitz! E quem não se lembra de quando apareceu a Rock Power toda em Português, oh pá parecia que melhor que aquilo seria impossível eheh! E no entanto hoje em dia temos uma revista que dura há meia dúzia de anos completamente em Português, com pessoal Português e passa um pouco ao lado de muitos Metalheads! Nos 90’s uma coisa destas seria comprada religiosamente por todos os Metalheads como se não houvesse amanhã! Outra coisa é os concertos, é triste ir a muitos e ver as salas tão despidas daquilo que faz um concerto especial, que é o público mas pronto antigamente também nem todos os Metalheads tinha uma banda como hoje em dia! Respirar o mesmo espírito da década de 80 é basicamente impossível, precisavas ter toda aquela dificuldade em arranjar discos, fanzines e concertos para viver isso ehehe! Penso que acima de tudo parte de cada um aproveitar ao máximo esse espírito e depois fica a cada um o pensamento se o estão a fazer bem ou não, julgamentos já os há demasiados na sociedade!

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Metal Horde #13

IM: Para alguém que tem contactado pessoas do meio e de outras realidades, como vês a nossa cena, comparando, por exemplo, com uma cena sueca?

Nuno: Comparando com outras cenas temos de ter em conta vários aspectos, sendo que o maior é a maneira como o país está economicamente estável ou não e depois vem aspectos do tipo religioso ou sociais! Por exemplo, comparando com a Sueca a nossa fica a milhas mas se comparares com a do Uganda a nossa está melhor! Usando a Suécia como exemplo o que vejo é uma maior abertura por parte da sociedade para com o Metal! Para te dar como exemplo, a Misha esteve lá este ano em trabalho e viu na agenda cultural de Estocolmo, que é distribuída no metro local, anúncios a concertos de Metal, estás a ver isso numa qualquer agenda cultural Portuguesa, não estás? Penso que é esse tipo de mentalidade que faz com o que o Metal na Suécia e especialmente nos países nórdicos, seja visto como um tipo de música como outro qualquer e não como uma sonoridade ouvida apenas por ‘outcasts’ como se passa cá! Nesses países tens governos locais a investir em projectos musicais pois são vistos como formas de arte e não como monstruosidades ouvidas apenas por miúdos que um dia crescerão ou ‘junkies’ que não têm mais nada para fazer! No entanto penso que as nossas bandas, os nossos fests e as nossas publicações não ficam atrás de qualquer outra cena e é pena que não consigamos com a conjuntura actual mostrar cada vez mais isso!

IM: Qual o músico ou personalidade que ainda não tiveste oportunidade de entrevistar e que não descansas enquanto não o conseguires?

Nuno: Oh isso íamos ficar aqui o dia todo eheheh! Temos vários que gostaríamos de apanhar na zine mas fica difícil porque hoje em dia esse pessoal gosta mais de fazer as entrevistas via telefone e nós ainda não começamos a utilizar essa ferramenta eheh! Mas dando alguns nomes posso te dizer por exemplo qualquer um dos elementos de Iron Maiden mas especialmente o Bruce ou o Steven Harris, o Aaron de My Dying Bride (este esteve quase mas a entrevista ainda está para ser respondida), o Dave Mustaine, o Chuck Billy, gostaria de entrevistar algumas bandas que já terminaram a carreira como por exemplo pessoal de Vio-Lence ou Forbidden e claro um dia ainda gostaria de entrevistar uma das minhas bandas favoritas, os Lynyrd Skynyrd!

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Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica Empty Re: Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica

Mensagem por Admin 23/10/2013, 01:35

Hugo Andremon (The Sorcerer)

Toque de Midas

Por: Rui Vieira

Hugo Andremon. Para quem conhece este nome, sabe que estamos a falar de um dos guitarristas mais geniais da nossa praça e que tem deixado uma forte marca por onde tem passado. Desde os Simbiose aos Grog, passando pelos Filii Nigrantium Infernalium e Hellfuck ou com o seu projecto The Sorcerer, Andremon é sinónimo de força e criatividade e deixa um rasto próprio por onde passa. Trocámos umas palavras com este mago dos riffs.


Idea Carrega no play e ouve The Sorcerer enquanto fazes scroll down e lês a entrevista!



IM: Quando é que começaste a despertar para o metal?

HA: Quando entrei para o liceu, aos 11 anos de idade. Identificava-me mais com o pessoal punk e do metal no liceu. Comecei a fazer tape-trading, comprar umas fanzines. Foi paixão à primeira escutadela em 1987. Aos 13 uma viola, aos 16 uma guitarra, um amp e um pedal da Ibanez chamado Thrash Metal (alguém se lembra?!).

IM: E a primeira guitarra? Ou foi outro instrumento?

HA: O primeiro instrumento de cordas foi uma espécie de viola marroquina que trouxe de Marrocos numas férias de Verão. Era uma carapaça de tartaruga com três cordas de nylon! Lembro-me que tinha acabado de sair o “... And Justice For All” de Metallica e eu tentava sacar o primeiro riff da “One” naquilo! Aos 13 tive uma viola clássica, e fui sacando temas de bandas que eu curtia. Lembro-me de tocar o "Spiritual Healing" dos Death, Censurados, Metallica, Kreator, tudo o que me soasse bem ia tentar na viola. Aos 16 tive a primeira guitarra eléctrica. Nesse mesmo ano entrei nos Grog.

IM: Quando crias os teus riffs, o que tens em mente? Energia, raiva? Como queres que soe um riff teu?

HA: A coisa não é bem assim... Não tenho nenhuma fórmula só minha. Sempre tentei tocar os vários estilos de metal que mais gostava. Consegui fazer isso quando estava a tocar em simultâneo com Grog, Filii Nigrantium Infernalium e Simbiose. Quanto à outra questão, várias pessoas me dizem que se nota logo o meu toque nos álbuns. É bom saber isso. Dá-me mais vontade de prosseguir.

IM: E sai logo, ou vai apurando?

HA: Apurando?! Tenho um tema que só consegui compôr até metade. Estou encalhado há tres semanas porque não consigo compôr um riff para avançar!

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IM: És bastante perfeccionista no teu trabalho, presumo.

HA: Sou. Muito!

IM: Quais as influências que podes considerar decisivas no teu estilo e na tua forma de tocar guitarra?

HA: Chuck Schuldiner e James Murphy. A minha onda é o death metal no período entre 80's e 2000.

IM: Nomes tão díspares como Grog, Hellfuck, Simbiose ou Filii Nigrantium Infernalium. O que te liga a estas bandas sendo elas de estilos relativamente diferentes?

HA: Penso que se deve à capacidade de ser eclético no metal. Não me importa se é crust ou black metal ou gore. Tem é que me soar bem aquilo que faço, seja com banda seja sozinho.

Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica Discos_andremon

Alguns trabalhos gravados com o toque de Hugo Andremon
(The Sorcerer, Grog, Hellfuck, Simbiose e Filii Nigrantium Infernalium)

IM: Por quantos projectos já passaste concretamente?

HA: Grog, The Sorcerer, Simbiose, Filii Nigrantium Infernalium e Hellfuck.

IM: Actualmente, estás com o teu projecto The Sorcerer que estiveram há pouco tempo no Santa Maria Summer Fest (SMSF) 2013 em Beja. Como foi essa experiência?

HA: A experiência foi excelente. Tottal support para as bandas. Uniu varios tipos de pessoal, organização impecável. Foi o primeiro concerto, além disso ja não pisava um palco ha mais de cinco anos. Estava nervoso, confesso. Mas foi uma boa surpresa, tivemos todas as condições para dar um bom concerto. A organização do SMSF está de parabéns e quem para lá rumou, tambem está de parabéns.

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The Sorcerer @ SMSF Beja 2013

IM: Temos bons solistas mas e “mãos-direitas”? Homens do ritmo, do riff, quem destacarias, nacional ou internacional?

HA:  Sei lá, há tantos!

IM: Para quem quer compôr um bom par de riffs, que conselho darias? Que bebam uns canecos e peguem na guitarra, eheh?

HA: Não, pelo contrário. Se estiverem a estudar ou trabalhar, quando chegarem a casa toquem guitarra antes de jantar e mais uma hora depois de jantar. Comigo foi assim, a sacar cenas na viola de caixa. Se puderem ter aulas, muito bem, eu nunca tive. Tudo vem da prática. E ouvido...

IM: Muito obrigado pela tua entrevista. Se quiseres deixar uma mensagem à IM, força!

HA: Quero agradecer esta entrevista, felicitar-vos pelo bom trabalho que têm feito. Quero também agradecer aqueles que têm vindo a acompanhar o meu percurso e a apoiarem-me. Obrigado!

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Facebook Hugo Andremon
Perfil de Hugo Andremon no Metal Archives

Imagens retiradas do Facebook do próprio e do Metal Archives
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Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica Empty Interview with Elisa “Over” De Palma (SPIDKILZ)

Mensagem por Admin 7/11/2013, 21:29

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Over Speed

Por: Rui Vieira

Elisa “Over" De Palma is the lead singer of recent Italian project Spidkilz. As its name implies, the band practices a speed/thrash metal in the old-school vein with the voice of Elisa commanding the battalion. Old school warrior, Elisa doesn’t give up and continues her battle in the Italian underground scene where it is an active member, not only with her bands but also with her on-line store dedicated exclusively to old school genre. We sent some questions to the friendly Elisa who really wants to come to Portugal! Dear organizers, what are you waiting for?


Press play button and listen to Spidkilz while you scroll down and read this interview!



IM: Hello Elisa! First of all, I thank you kindly for answering this interview to the Portuguese forum Irmandade Metálica, in Italian, Fratellanza Metalica, I  think. Sorry for the Google translation... For the Portuguese metalheads who now have the first contact with your work and Spidkilz, I would ask you to start by making a short summary of your career.

Elisa: Hi Rui and hi all, thanks for giving me the opportunity to talk a little bit about my music and bands. I joined my first band in 1993, I was (accidentally!) at  keyboards, and year after year I changed lots of bands and experiences, which gave me more or less satisfaction, but always something to learn from. My most important  past bands were Brazen (all female, I was at guitar) in 1999-2001, White Skull (vocals) in 2007-2010 and of course my present band SPIDKILZ, which I founded in 2010  after the split from WS. I sing and also compose parts on guitar and then we arrange all the stuff together, and I can simply say, this is finally the perfect kind of  Metal for me!

IM: The main reason for this interview is Spidkilz, your new adventure. Explain to us how Spidkilz are born and what your goals were when you started outlining this  idea.

Elisa: I was thinking about my own thrash band since I was still in White Skull. I needed to express my music in my own way and with more free space. So, when I left  the band, I had all the free time to concentrate on this project. I already had some songs made by myself, they only needed good mates to be arranged and played, so after some researches I found the right people. The main goal was simply share our music, in the our own way: no compromises, no pressure, no shitty situations, only  good feelings and thrash!

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IM: Do you think Spidkilz are the fruit of years of hard work and bands and now condense everything here, from epic heavy, to thrash and speed and with a melodic  touch, almost folk?

Elisa: Yeah I think every band you play helps you in growing musically and gives you something good, even when it ends in a bad way. As I said, I played in many bands,  but my real and deepest love in Metal is Heavy/Thrash (in the 80’s they used to call it “american power metal”). It hadn’t been easy to find people who love this  genre, through the years, that’s also why I played in different bands and with different styles. But I repeat, in Metal this is my real dimension and I feel really  good.

IM: Spidkilz have released "The Ultra Demo" in 2011 and now the album "Balance Of Terror" in 2013. How has been the reception to your debut album? I imagine  great...

Elisa: Yes, “B.O.T.” has been a good start for us, and we had all good reviews and comments, nothing negative since now... and I hope it will go on like this, hehe! By  the way this was very important for us and helped us in getting closer each others, I mean the band members. This helped a lot in giving our own identity and self- confidence in this project. I really pray it will go on in this good way for a lot of time!

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SPIDKILZ "The Ultra Demo" 2011

1. Fear of Death
2. I Will Crush You
3. In Tears
4. Fashion
5. The Distance


IM: And what about your label LA Riot Survivor Recs, how the connection appeared? Are you happy with their work? (It was by LA that I got to know Spidkilz...)

Elisa: I was very happy when the label contacted me about the release of Balance Of Terror. I knew Anthony since we played together (with Fingernails) in Rome some  years ago, when I was in White Skull, and we stayed in touch somehow... so it’s very cool working together now, and having a good connection and communication. The  guys are running the label at their best and I’m sure we’ll all take the good outcome of their work. Of course we got also this interview thanks to the label, so this  is just great!

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LA Riot Survivor Records

IM: I think Spidkilz have the flame of thrash/speed old school but do not hold only to those styles, so to speak. I think the band adds something more, and I  personally think it's a very good formula. Do you agree?

Elisa: Sometimes it’s not easy to define your own music... you just compose what you feel and play it at your best! So I realize it’s not just standard classic thrash  and speed, but if you ask me where comes the rest... I don’t know, hehe. Maybe, as I said, it’s just the result of different experiences, mixed with personal  inspiration and classic heavy/thrash. If you free your limits in music and art, you can reach better your personal character, I think. Anyway, melody in vocals (but  also in riffing!) is very important for me, that’s maybe why  it goes a bit far from some thrash stuff.

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SPIDKILZ "Balance of Terror" 2013

1. Beware of the Speed
2. I Will Crush You
3. In Event of Fire
4. Protection
5. In Tears
6. Motorhome
7. Insomnia
8. The Distance
9. Balance of Terror


IM: Well, there is one subject on the new album that I inevitably have to touch. The song that opens “Balance of Terror” (Beware of the Speed) is dedicated to your  deceased sister Monica. Can you tell us when and what happened exactly? If you do not want to talk about the subject, I understand perfectly.

Elisa: Thanks for this question. For years I didn’t feel to talk about this sad experience in my life, and also my parents, after the accident, didn’t want to talk  about my sister anymore, my father still doesn’t... I think this is some kind of protection from such a deep pain. But then I realized this is not right, not for me,  nor for her: dead people once were exactly like us, they lived, they did things, had dreams, they had their stories and lives: so, it’s their right to be remembered  and recalled. I am who I am also thanks to my sister, she was 5 years older than me and she taught me lots of things, and also helped me in being stronger and more  brave in life, facing my fears. So I want the world to know that she did exist and lived, and I want to think about her every day. And the speed... yes the title is  also a play on words (as well as our moniker): she died in a car accident because of the high speed of the driver... so take care guys, don’t play with fire and never  think you’ll never die, because it’s so easy, especially by car!

IM: I think it’s important and of great intelligence to write and alert to something like road accidents and not only fantasy topics though thrash always played a  social intervention role rather like punk, both styles are connected. The road accidents rate in Portugal is still very serious though has been declining over the  years but authentic atrocities are still being committed on Portuguese roads. How is the scenario in Italy? I heard that at roundabouts was madness and save yourself  if you can!

Elisa: Right, road accidents are the pain of these days. Too many mad drivers, drunk drivers, silly people who just believe they’re immortal... but this is so stupid.  Also Italy counts a big number of car accidents, and when you don’t die it may happen you can’t walk anymore or something like that. Media should work more and better  about this problem, in particular for young people... streets are not a videogame and you have only 1 bonus life, keep it!

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IM: Can you speak a little more about other topics in your lyrics?

Elisa: Many songs are just the result of my personal thoughts about my experiences with people in life: I like reflecting on what happens to me, also trying to do  better in the future, and often my songs sound like a relief valve from pressure or from bad people. But I talked about another social disaster, right in the title  track “Balance of Terror”: violence on women. It’s incredible how also in these days, year 2013, women have to suffer and to undergo terrible treatments from their  men! Violence is everywhere, I can see... but we should have the courage to take position against it and fight for our self-respect.

IM: Talking about your live activity, I’ve noticed that Spidkilz plays very often in Italy and have already been in France, Holland and Germany. There are plans to  run Europe on a tour or something?

Elisa: Of course we would love it! It’s not as easy, honestly, also due to work reasons, but if someone would ever help us in making this possible, we’d do our best to  manage it. After all we are a “new” band: our name is not on the metal scenes since many years, we cannot pretend that it’s easy to be called abroad, so we have to  work in order to share our name and music as much as possible, step by step.

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IM: Do you know Portugal? Have you been here in vacations or other? We have some very good festivals like the very well known Steel Warriors Rebellion (SWR) in  Barroselas, in northern Portugal, Santa Maria Summer Fest (SMSF) in the south (Beja), Butchery at Christmas Time (BACT) in Covilhã or the Vagos Open Air (V:O:A) in  Aveiro, among many others that appear and disappear.

Elisa: I’ve never been in Portugal, I just went to Spain in vacations many years ago. I’m happy to know about your local metal scene and festivals, I will take a look  at them! Who knows, one day... hehe.

IM: If I or any promoter wants to arrange a couple of dates with you around here in Portugal, what we have to do? Ideally would be Spidkilz to play a Friday and a  Saturday night and a Sunday afternoon to be a big weekend, right? An Iberian mini-tour would be great!

Elisa: Yeah, weekend playing in Portugal would be great! If any promoter would be so kind to be interested in our stuff, he could write us at: booking@spidkilz.com and  we’d love to talk about it.

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IM: Do you exchange correspondence with bands here, people, etc?

Elisa: Strange, but I don’t have any direct contact in Portugal, but I have some customers from my mail-order Over-Zone!

IM: Beyond Spidkilz, you have your solo work as Elisa Over in acoustic mode. I already had the opportunity to listen to some songs and I conclude you have an  amazing versatility. In summary, you make it loud and electric when you want, play acoustic guitar, banjo and keyboards and you got an extraordinary melody in your  voice. You can’t be limited only to (good) noise, right? Tell us a bit more about Elisa Over project.

Elisa: I’m really happy about this question and also that you checked some of my acoustic previews. Yes, before metal I come from the acoustic guitar, since I was  young. I started learning at about 17, my sister’s boyfriend used to teach me and he was so kind and cute with me, like a patient older brother. So, acoustic guitar  links me to special good feelings from my past. I used to compose songs through the years but I never thought about recording them seriously since now. For this solo  project I arranged some of the old songs and composed brand new ones, and now the album is ready to be pressed (again by L.A. Riot Survivor Records!) in December and  consists of 11 tracks. I played it all by my own, I’m not such a virtuoso of the guitar, but I don’t care, this is a great satisfaction for me, anyway.

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IM: Furthermore, you manage your online store Over-Zone. I assume you're in concerts and festivals too... How’s the business going so far? And how can you manage it  all? It’s a life totally dedicated to the cause, I presume.

Elisa: I realize my life goes all around Metal and music... and that’s exciting! But I don’t attend festivals with the store since many years, because I had serious  problems on my back and I’ve been operated 3 times now... so it became too much hard for me to go around with the stuff, with all heavy things to move, standing many  hours and so on... I only run it on-line but it’s quite good anyway.

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IM: Speaking of something more general how is the underground scene in Italy? Personally, I don’t know many bands from Italy. We’ll always have the great Bulldozer!  Do you have a good circuit for bands to play, festivals, etc? Can you name some values (bands) that you think they have great potential and are emerging in the Italian  underground scene?

Elisa: After several years of depression (I talk about classic metal and thrash), Italy came back with many young bands in the last 3-4 years, so the scene got back  with more activity and fervor. I just hope this won’t be kind a  temporary wave, but we’ll know it just in the next years. In general, playing live gigs in Italy is  not as easy now, because of too many taxes, small number of clubs and many greedy people... but we don’t surrender. As for my job (in my mailorder I also produce and  offer merchandising for bands), I know many italian bands, but I can name Killers Lodge, Alltheniko, Game Over, Etrusgrave, Ultra-Violence...

IM: You are an old-school warrior and you saw the many changes in the metal scene and music in general. How do you compare this cyber era and the times when hearing  or having an LP was almost a victory? What are the strong and the week points you would name to these times?

Elisa: Ohh this is a nice question. I can really say, once we couldn’t reach all the music and bands that we can now, with Internet, Youtube, etc... but bands you  reached after much effort went straight to your heart and you can surely still remember something about them. Now... too easy, too quick, too shallow! You find bands,  listen to bands, too many bands, and then you forget the name after a few days... you don’t have to wait for your friend to lend you the tape, the vinyl, etc... like  all the things conquered with passion and effort, we can still love old bands and link memories to every old tape and vinyl, but what could be linked to a Mp3 or to a  quick listen on Youtube?

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IM: And Berlusconi? Do you think he likes metal? There is a famous picture with him making the devil horns, ahah!!!

Elisa: Hahaha, I didn’t expect a question like this! No no, he’s surely not Metal. Those horns were just a symbol of superstition against bad luck. But after all, I  must say we’re having one of the worst political periods in the Italian history, and very bad politicians at the moment, and the crisis gets worse every day.

IM: Before ending this interview, if you want to share with us, tell us a motto that guides you in your day to day and in your life in general.

Elisa: I’m trying to be strong and find my strength every day, ‘cause life sometimes is really hard, but after all it’s always wonderful and I want to live it in the  deepest way I can. In this period I like to think about this image: when all seems to be against me, and after I have really done all that I could, to solve situations  and reach my goals, but life doesn’t want to help me anyhow, well at this point I only have to sit for a while, under an imaginary tree... and wait... because I don’t  reach anything if I go against life... I only have to be helped by life itself, and the right way will come in front of my eyes in a natural way. I don’t know if this  can help you guys, but it surely helps me when panic seems to get too near and I need to get calm and relaxed.

IM: Well Elisa, the interview has been long and for now it’s all. Once again I thank your kindness and I sincerely hope you can come soon to Portugal! Surely that  you will be very well received! I'll be there in the front row! Can you leave a final message for Irmandade Metálica metalheads and people who will read this  interview?

Elisa: I really thank you for all, especially for your questions which are different from the usual and very interesting. If we’ll ever come to Portugal, I’ll be very  happy to share music and drink a beer together, in good metal brotherhood with you and your friends! I say hello to all the readers of Irmandade Metálica and I can  only say: let’s keep Metal alive all over the world, because since we are metalheads, we’re all like in the same big country, with no distance and no boundaries!

Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica Gruppo_3

Quickies

5 All Time Records

1. Piece of Mind - Iron Maiden
2. Feel the Fire - Overkill
3. Blue Oyster Cult - Agents Of Fortune
4. The Dark - Metal Church
5. Blackout - Scorpions

5 All Time Bands

1. Iron Maiden
2. Overkill
3. Metal Church
4. Scorpions
5. Nuclear Assault

5 All Time Vocalists

1. Bruce Dickinson
2. Bobby Blitz Ellsworth
3. Ronny James Dio
4. Klaus Meine
5. David Wayne

Latest Discoveries

1. Ghost



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Entrevistas e artigos da Irmandade Metálica Empty Entrevista com Tozé Cerdeira (THE COVEN)

Mensagem por Admin 13/11/2013, 23:23

THE COVEN

Regresso ao Futuro

Por: Rui Vieira

Os The Coven foram uma das bandas mais marcantes do cenário metálico português embora a sua duração tenha sido curta assim como os seus trabalhos que se resumem a uma primeira demo de dois temas e à fantástica demo de 1989 "Into The Future". Enviámos umas perguntas ao guitarrista e fundador Tozé Cerdeira que teve a amabilidade de nos transportar numa viagem bastante interessante aos primórdios do metal luso e desvendar um pouco mais sobre esta grande banda. Como bónus ainda recebemos o logo actualizado de The Coven!


Idea Carrega no play e ouve The Coven enquanto fazes scroll down e lês a entrevista!



IM: Antes de mais, quero agradecer-te pela disponibilidade em responder a estas questões. Começo por perguntar-te como te iniciaste no mundo do metal?
TC: Tudo começou com a prenda da guitarra eléctrica que o meu pai me deu aos 14 anos. Nessa altura comprei uns livros de Beatles e Supertramp e comecei a praticar os acordes dessas músicas. Depois veio a paixão pelos The Shadows e por aí iniciei os primeiros solos de guitarra. Quando dei por mim, estava a tocar solos de Santana e Gary Moore. O interesse pelo som rock começou nesta altura e o “velho” Cerdeira (pai) ofereceu-me o álbum “Back in Black” dos ACDC e foi aqui que começou o meu interesse pelo rock/metal pois logo de seguida o baixista Eduardo “Osga” Casacão apresentou-me Iron Maiden.

IM: Quando é que pensaste, "Bem, está na hora de começar a fazer barulho..."? Quando é que os The Coven começaram a ganhar forma?
TC: Eu já tocava umas guitarradas nessa altura e conheci o Jorge “Xepa” Costa (baterista) que tinha uma bateria. Ambos tínhamos a pretensão de fazer uma banda e como gostávamos de metal (o Jorge era fã de Ozzy) começámos a pensar arranjar um baixista. Nessa altura, o Sérgio tocava baixo e tinha uma churrasqueira mesmo ali ao pé da minha loja de discos. Fomos apresentados e começámos a ensaiar uns covers. Entretento, verificámos que o Sérgio cantava muito bem e decidimos adicionar um baixista, o Eduardo “Osga”. Por outro lado, o “Xepa” já tinha tocado com um guitarrista amigo dele, o João Matos. O resultado foi a formação da banda The Coven.

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IM: E os primeiros ensaios? Quais as linhas que definiram para as vossas músicas e as vossas influências na altura? Que bandas que vos fascinavam?
TC: No início tínhamos combinado ficar dentro do Heavy Metal, um estilo do género Iron Maiden, Metallica, Helloween e Judas Priest.

IM: Não sei se estás ao corrente mas a demo "Into the Future" goza de bastante culto no meio underground português sendo uma raridade altamente cobiçada. Como foram as gravações com Manuel Cardoso nos estúdios Midi, enfim, todo o processo de gravação durante aquelas sete noites? Atribulado?
TC: As gravações correram bem, para nós foi um sonho tornado realidade, “miúdos” já em estúdio a gravar uma demo. Lembro-me que ficávamos a gravar até às duas da matina, penso que tenho fotos dessas noites. Foi memorável!

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THE COVEN "Into The Future" 1989

Lado A
Intro
Into The Future
Watch Out
Ego

Lado B
Darkness
Madman (Get Out Of My Way)
L.S.D. (Live Is Slave Of Death)


Sabes quantas demos chegaram a produzir e vender?
TC: Bem, isso não sei bem, talvez o Duarte Dionísio saiba, mas umas 1000.

IM: Esta é inevitável: És daqueles que fizeram a demo e hoje não a tem?!
TC: Por acaso eu tenho uma cópia e algumas gravações que fizemos na garagem. Pretendo ainda agarrar em tudo e fazer uma masterização. Existem ainda originais que não foram editados “MUITO BONS” (pois já estávamos mais maduros) gravados no concerto do Fogueteiro onde actuaram, pela primeira vez, os “miúdos” RAMP!

IM: E costumas ouvir as malhas de vez em quando? Ainda te lembras dos riffs?
TC: Lamento, não me lembro de nada. Mas há quatro anos atrás disse ao Jorge “Drums” para regravarmos tudo, mas depois não foi avante. Está na gaveta...

IM: A vossa cena ali no Seixal e Almada foi muito forte nos anos 80. Que razões achas que estiveram na origem para terem surgido tantas e tão boas bandas naquela zona em concreto? The Coven, Thormenthor, R|A|M|P, Procyon, Silent Scream, Braindead, etc? Teve a ver com uma certa classe do operariado (sendo vocês os filhos) predominante naquele lugar, uma forma de vocês quererem abanar o establishment, uma nova forma de afirmar alguma modernidade de estar e de pensamento?
TC: Não penso que tenha nada a ver com “classe operária”. Para mim (The Coven) foi um gosto pessoal que todos tínhamos de fazer e tocar música. A circunstância proporcionou-se e fizemos a banda por amor ao Heavy Metal!!!

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IM: Ainda te lembras da vossa estreia "a sério" no Fogueteiro com Thormenthor, Braindead e Procyon já com o management do Duarte Dionísio? Podes descrever o ambiente geral sentido nesse dia e durante a vossa actuação?
TC: Sinceramente não me lembro bem desse concerto. Lembro-me mais do outro que fizemos com RAMP, Mortífera e NAM.

IM: Como recordas o trabalho do Duarte Dionísio e a sua Contacto?
TC: O Duarte já era meu amigo (vizinho) muito antes de tudo começar. Acho até que fui eu que o convidei para ser manager da banda, era tudo muito trivial. Para mim, de um modo geral, ele fez um bom trabalho para a época.

IM: Vocês andaram pelo país juntamente com os Alkateya a promover a demo com a intitulada "Tour Of The Future". Podes contar-nos uma ou mais histórias que recordes para sempre? Boas ou más, como queiras...
TC: Fizemos alguns concertos que correram muito bem, lembro-me, claro, do mosh onde por vezes se atiravam de cima do palco para o público e depois “partiam-se” todos no chão. Menos bom, lembro-me de um cab*** ter posto os pés em cima de um monitor e fod** o altifalante. Pior ainda, andávamos com uma carrinha velha de caixa aberta com o material e “claro”, um dia tivemos de andar a empurrar a carrinha pois não pegava. Velhos tempos!!!

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IM: Os The Coven tinham um grande potencial, com a banda a ser eleita a 3ª melhor em 1989 e a música "Into The Future" votada como a melhor desse ano e ainda com a "Watch Out" em 4º lugar, mas a banda acabou por durar pouco tempo. O que se passou afinal?
TC: No geral a banda pretendia seguir a linha do Heavy Metal puro, mas por essa altura começou a aparecer o thrash metal que o Sérgio gostava. Houve então algumas divergências, por isso, e numa primeira vez, o Sérgio saiu da banda. Depois entrou o Victor Matos (irmão do João “GT” Matos”), continuámos, mas a cena já foi a mesma e não me lembro bem as razões de fundo mas acabámos a banda. Digo-te hoje com “emoção” que fiquei/estou muito arrependido disso ter acontecido.

IM: Após o fim dos The Coven, continuaste ou tentaste seguir com mais algum projecto? O Sérgio seguiu com as bandas de bares e mais recentemente com os Re:aktor.
TC: Não, em termos de originais nunca mais tive outro projecto. Sempre fui muito objectivo nas coisas que fiz e que faço. Eu vivo da música “em Portugal” e temos de tocar outros tipos de música para facturar, se não, não pagas as contas. Já nessa altura eu tinha essa visão e sempre fiz outras bandas de bares que tiveram um sucesso relativo. Depois comecei a fazer música ao vivo em bares pelo distrito de Setúbal e hoje estou dedicado ao fado. Mas bandas nunca mais tive. Agora estou “cota” mas talvez ainda me junte com eles para curtir um Metal, não sei… temos todos as nossas vidas familiares.

IM: Esta também é obrigatória perguntar a alguém da velha-guarda como tu! Que diferenças ou paralelos estabeleces entre os tempos que viveste (80's) e os dias de hoje no que diz respeito a divulgação, intensidade, oportunidades, irmandade, etc?
TC: Bem esta resposta dá pano para mangas…

ANTES: Para gravar uma demo era um problema com fitas e cassetes.
HOJE: Qualquer PC grava com relativa qualidade uma demo ou um disco em casa.

ANTES: Fazias a divulgação em jornais ou fanzines e distribuías a nível local ou nacional.
HOJE:  Hoje fazes “brutas” reportagens digitais com fotos a cores e divulgas para o mundo inteiro.

ANTES: Para aprenderes a tocar era pelo vizinho ou por revistas.
HOJE: Hoje tens tudo na palma da mão, vídeos e áudio, aprendes tudo o que quiseres.

ANTES: Andávamos atrás das gajas!
HOJE: Hoje em dia já tive convites de gajas para ir para a cama!

Em resumo, hoje está tudo muito mais facilitado por um lado, mas como todos temos as mesmas oportunidades, tambem é mais difícil vingar, pois existe muito mais concorrência. Mas sou da opinião que estamos bem melhor nos dias de hoje, musicalmente falando.

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THE COVEN
(esq. para a dir.) Eduardo “Osga” (baixo), Tozé Cerdeira (guitarra), Sérgio Duarte (voz), João Matos (guitarra) e Jorge Costa (bateria)

IM: Continuas a acompanhar a cena metálica portuguesa? Se sim, e tirando os Moonspell, que nomes e/ou factos destacarias como tendo um papel importante nos dias de hoje e/ou bastante promissor para o futuro?
TC: Lamento, a minha vida deu diversas voltas e dentro da música não sei “nada” do que se passa pelo panorama do metal nacional nem internacional. Há a salientar o facto que, derivado à facilidade de se gravar “diariamente”, existem novas bandas, novos sons, o que torna impossível estares actualizado. A realidade é que hoje um puto que queira aprender a tocar um instrumento bem, tem 90% de probabilidades de o conseguir melhor do que qualquer um de nós no nosso tempo, ou seja, hoje há por aí muita gente a tocar bem.

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IM: Continuas ligado à música como professor de guitarra. Para quem não te conhece e até queira contactar, onde te poderá encontrar?
TC: Eu hoje toco diariamente em Alfama guitarra portuguesa. Mas continuo diariamente a ensinar METAL na minha escola de música www.gestesom.com Para me contactarem está lá tudo!

IM: E uma nova banda de metal? Já não tens idade para loucuras, eheh?!
TC: Não, uma nova banda de metal não, terei sim muito gosto em voltar a reunir os The Coven. Aliás, estou sempre a desafiar o Jorge “Drums” para nos juntarmos, pois sei que daí era um “passo” para juntar o “Osga” e o João Matos “Piçon” e quem sabe, talvez o Sérgio, que é o mais difícil.

IM: Caro Tozé, últimas palavras para o pessoal que vai ler esta entrevista e muito obrigado, mais uma vez!
TC: Tenho a dizer que fico muitíssimo feliz por saber que depois de tantos anos ainda esteja “actual” a música que os The Coven faziam. Não vou morrer sem voltar a gravar as músicas todas com uma sonoridade actual, talvez perca esse sabor dos 80’s, mas fica melhor. Não estou actualmente no panorama Metal, mas não quer dizer que na sala de estar lá de casa não se ouça Metallica, Maiden, Dream Theater, Satriani, Steve Vai, Paul Gilbert e outros que tenho em DVD e áudio. Ou seja, na realidade, no meu coração estarão sempre as minhas raízes: o Heavy Metal.


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